sábado, fevereiro 18, 2006

A Janela da Noite Penetrante


Eram onze horas da noite.
Uma tempestade ao luar;
O telhado da casa a pingar;
Uma menina a mirar o céu.
Chuva sonora,
Como um açoite.

Inverno, estação triste.
A menina chora
Para que a tempestade vá embora.
Uma linda melodia
Cheia de melancolia
Estende-se ao céu.
Lua minguante, a noite negra como breu.
Um fiozinho de luar
Mais lembrava um grande véu.
Ouvia-se o ronco furioso do mar.

A menina depressa adormeceu.
Entrou no país dos Sonhos.
Sonhava com a Primavera...
Sonhou ser duquesa de Baviera...
Sonhou ser uma rosa vermelha,
Um musgo verde na telha
Só para melhor olhar
O belo luar,
Que a todos veio encantar.

Ninfas do Sucesso Escolar


Minhas ninfas ilustres e formosas
Ninfas do Sucesso Escolar,
Tornai as minhas notas famosas
E de esforço exemplar.

Ajudai-me nos trabalhos
Na pesquisa e na organização
Na gramática,
Nas perguntas de interpretação
E na difícil Matemática.

Ajudai-me nos testes
Para não me atrapalhar
Ainda por cima, com os exames
Vou ter muito mais para estudar.

Ninfas do Sucesso Escolar,
Ajudai-me por favor,
Pois quero ir para a Universidade estudar,
E um curso tirar.
Em troca a vós irei cantar,
Com muita alegria e amor.

Mãe...


Mãe, és bonita,
És fofa, a mais simpática.
Engraçada e divertida.
És fonte de amor, minha amiga!
Foi de ti que nasci,
A ti te devo a vida.

És a fada dos desejos,
És dona dos meus beijos,
Todos os dias és rainha.
Os teus olhos são cor de terra,
O teu cabelo é da cor do sol de Verão.
Mãe, és só minha!

Gosto de Olhar Para o Céu


Gosto de olhar para o céu
Para ver as estrelas e a lua
Gosto tanto de olhar,
Para o lindo luar!

Queria visitar a lua
Numa nave espacial
Via tudo o que há no espaço
E teria uma prenda especial!

Ai tantas amizades queria fazer!
E os astronautas de certeza iam-me ver
E os extraterrestres iam-me visitar
E quando chegava a hora de dormir
A Lua sempre a sorrir
Cantava-me uma canção para adormecer!

Eu brincava com as estrelas.
Elas ensinavam-me brincadeiras
E eu ensinava-lhes jogos de muitas maneiras.
Seria tão bom conversar e brincar
Com a lua e as estrelas
Viajar no espaço.

P.S. Quando eu tinha 9 anos ganhei o prémio da Língua Portuguesa em Destaque pela Dra. Graça Castanho no concurso do Açoriano Oriental exactamente com este poema.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Os Santos Populares



St. António, S. João e S. Pedro
São santos populares,
Já começam os bailaricos,
Ao cheiro dos manjericos.

St. António é o primeiro,
É um santo milagreiro,
Para as meninas namoradeiras,
É um grande casamenteiro.

A seguir vem S. João,
Santinho de devoção!
Estalam os foguetes no ar,
E as sardinhas a cheirar.

Por último, vem S. Pedro,
Da terra o padroeiro.
Oferece entrada no céu,
Este nosso santo chaveiro.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Os teus olhos

Os teus olhos são como rosas,
Ao vê-los fico tão vaidosa.
São meigos e cheios de ternura,
Como prados cheios de verdura.

O teu olhar brilha como diamantes,
Como o Sol numa tarde de Verão,
Tão quente!
Ardendo no meu coração.

O teu olhar é o mais bonito,
É um olhar infinito,
És mãe sonhadora
E tão encantadora.

O Dragão


O dragão cospe fogo,
É muito brincalhão.

Eu prestava atenção,
Ria-me até mais não,
Porque era um prazer,
vê-lo subir e descer.

Muita folia,
Fazia no ar,
Era uma grande alegria,
Se todo o dia,
Pudesse cantar.

As pessoas estavam agitadas,
Havia tanta confusão,
Credo! Que assustadas,
Com a magia do dragão!

À noite sobre os rochedos,
Cuspia chamas na escuridão,
Os meninos queriam ser faroleiros,
Para fazer companhia ao dragão.

Dia do Pai


O dia do Pai é o melhor dia,
Quando chegares a casa,
Vou dar-te uma surpresa.
Vais ficar contente com certeza,
Pois nele deposito grande alegria.

Pai, és o meu valioso tesouro,
Como uma pedra preciosa.
Rica e muito valiosa,
Que brilha como um besouro.

Pai, quando seguro a tua mão,
Sinto que uma flecha,
Aterrou no meu coração.
Credo que emoção,
Nesta pequena imaginação!

O Palhaço


Palhaço que és trapalhão
Que cais de rabo no chão
Que fazes rir até mais não.
E sempre a sorrir dás a mão.

Palhaço que és trapalhão,
Que pões o dedo na boca,
Vais buscar um balão
E do nariz fazes um narigão.

Palhaço que és trapalhão
Também gostaria de ser palhaço
Para ter graça e sucesso
Ao fazer as piadas
Ouvindo música dos Excesso.

É urgente!


É urgente!
Mudar o mundo,
Para ficar muito diferente.
É o que eu desejo lá no fundo.

É urgente!
Acabar com a guerra,
E a tristeza da terra!

É urgente!
Acabar com a destruição,
Desta terrível solidão!

É urgente!
Inventar a felicidade,
Multiplicar os beijos,
Realizar desejos,
E dizer a verdade!

Natal


No Natal brilham as estrelinhas,
E debaixo do pinheiro,
Põe-se as prendinhas.
Há milhões de famílias felizes,
Em todos os países.

Nessa noite fazem-se belos serões,
Com famílias reunidas,
Cantando belas canções.

Nesta noite de Natal,
Em que tudo é especial,
Quero desejar a todos
Um Feliz Natal!

Meu Livro, Meu Amigo


Meu livro, meu amigo
Vou ler o que tens escrito
E andar sempre contigo
A meu lado, já está dito.

Contigo posso ler
E posso escrever
A morada e o número de telefone
Desenhar um cubo ou um cone.

Nunca te vou fazer mal
Porque és muito especial
Para ti e para mim,
A amizade não tem fim!

domingo, fevereiro 05, 2006

Pequenos Grandes Heróis - Os Mutantes de Angola - 1º volume da colecção

Esta história passa-se no ano de 2015. O mundo foi destruído por uma revolução robótica. Tudo o que restou foi as crianças e adolescentes. Os robots entregarão a cada jovem um colar que faz com que eles sejam tão responsáveis como os adultos. Á uma da manhã, esses jovens esquecerão o passado e de todas as suas lembranças.
Foi uma notícia que veio no jornal sobre os mutantes de Angola, que o inspector chefe Mendonça Soares convence o inspector brasileiro Hugo Faria, organizar uma nova patrulha formada por jovens de todos os continentes denominada por Pequenos Grandes Heróis.
Quem fará parte dessa nova patrulha serão: Liliane, uma modelo portuguesa de treze anos; Samuel, um construtor civil moçambicano de doze anos; Alan, um biólogo marinho esquimó de dez anos; Jimmy, um engenheiro informático americano de quinze anos; Doug, um surfista australiano de treze anos e Pui-li, um veterinário japonês com treze anos.
Juntos desvendarão o mistério dos mutantes de Angola que submergem das águas do mar da praia Barreira Negra e muitos mais!

Capítulo 1

Liliane e Samuel

Esta história não se passará agora, mas daqui a alguns anos... ano de 2015.

- Estou tão entusiasmada, mãe! Vamos ver um museu sobre o século XX. – entusiasmou-se a Liliane.
- Não te entusiasmes demais, ainda ficas desiludida. – aconselhou a mãe, a Sr.ª Carina.
- Até logo, mãe. – desejou a Liliane.
- Até logo. – correspondeu a Sr.ª Carina.
Liliane Pereira era uma rapariga portuguesa de 13 anos com cabelos longos castanhos e lisos e olhos azuis.
Ela desceu de elevador até ao rés-do-chão. Pegou na sua Fastbike, (parecida com uma trotineta, mas a Fastbike tem um motor muito potente, o que nos permite esvoaçar. E como o nome indica, a Fastbike é muito rápida, podendo atingir velocidades de 240 km/h).
Chegou à escola, tocou num botão encarnado da Fastbike, para esta se transformar numa simples esferográfica.
Foi para a aula de Área de Projecto na sala 230. Liliane foi para a sala numas escadas rolantes.
A porta tinha uma ranhura, onde para entrar, tinha que se passar um cartão onde continha dados pessoais. A porta ao reconhecer estes dados, abria-se automaticamente.
- Como já devem saber, hoje vamos fazer uma visita de estudo a um museu sobre o século XX, porque estamos a trabalhar como tema de Área de Projecto: “O Século XX”. – disse a professora Mitra.
- Vão encontrar coisas que já não se usam no dia a dia; outras que foram aperfeiçoadas... vai ser muito divertido! – acrescentou a professora Máxima.
Desceram as escadas rolantes e esperaram pela avioneta que os ia transportar para o museu.
A avioneta aterrou e os alunos entraram no avião.
Passados 10 minutos, chegaram ao museu.
- O que é isto? – perguntou a Camila.
- É um telefone. – respondeu o guia do museu. – Servia para telefonar para as pessoas.
- Agora usámos o telemóvel. – objectou a Camila.
- No século XX, também. Já haviam telemóveis que tiravam fotografias, filmavam, mandavam MMS, tinham Internet, enfim... mas não eram tão bons como os nossos. – deu a sua opinião, o guia do museu.
Viram os telemóveis, a televisão, os computadores, as aparelhagens de música, leitores de DVD, game boys, consolas, vídeos, jogos, etc.
- Olhem, é tão parecida com a Fastbike! – surpreendeu-se a Liliane.
- É uma trotineta. Os miúdos usavam-na para fins de lazer, não como transporte, como as vossas Fastbikes.
- Também se transformavam em esferográficas? – perguntou a Liliane.
- Não. – respondeu o guia.
- Mas assim eram roubadas...
Acabaram a visita de estudo e foram para a avioneta todos entusiasmados.
- Como deveria ser difícil a vida dos miúdos no século XX! – suspirou o Marco.
Depois das aulas, Liliane foi para casa na sua Fastbike.
Fez os trabalhos de casa e Margot (o seu robot doméstico) preparou-lhe o lanche.
Liliane foi à Internet pesquisar coisas sem grande importância, viu e mandou e-mails e foi para um chat conversar.

ü

Samuel Sousa, estava sentado no chão do seu quintal, a pensar na vida. É verdade que os jovens de 12 anos não pensam muito no futuro, mas para este moçambicano, a vida não era fácil.
Moçambique ainda era um país do 3º Mundo. Ai, como gostava de viver numa cidade cheia de tecnologia avançada, alegria e cores florescentes e garridas.
Mesmo assim, apesar de Moçambique ser um país do 3º Mundo, era o único país que ele conhecia; era o país que o havia acolhido; foi o país onde ele nasceu... por isso mesmo, Samuel amava Moçambique.
Samuel tinha cabelos castanhos curtos e encaracolados e olhos castanhos.
- Samuel, anda p’ra dentro. – chamou a mãe, a Sr.ª Amina.
Samuel foi para dentro de casa.
- Já sabes como é o teu pai. Vai trabalhar lá na construção do novo hospital. Quando ele souber que andas para aí, especado, vai-te dar uma carga de porrada. – avisou a Sr.ª Amina.
- Tens razão, mãe. Vou trabalhar. – disse, tristemente, o Samuel.

Capítulo 2

Um dia na vida de Liliane e Samuel


Liliane estava a arrumar o quarto, quando foi interrompida por Margot, o seu robot doméstico:
- Eu arrumo isso.
- Muito obrigada, Margot! É muito bom ter um robot doméstico tão querido como tu! – agradeceu a Liliane.
O robot ficou enternecido com tal elogio e abraçou-a.
- Gostaste do museu do século XX? – quis saber, Margot.
- Se gostei..., adorei! – espantou-se a Liliane.
Liliane esteve a contar tudo o que tinha visto: os telemóveis, os computadores, a trotinete (muito parecida com a Fastbike, mas muito menos complexa e que também não voava).
- Que chatice, os miúdos não poderem voar... ainda bem que não vivo no século XX! – comentou a Liliane. – Também não haviam robots domésticos. As pessoas limpavam a casa com as suas próprias mãos!
Bateram à porta. Liliane foi de escadas rolantes até à sala de entrada.
- Olá Camila, que vens cá fazer?! – perguntou a Liliane.
- Vim convidar-te para a minha festa de aniversário. – respondeu a Camila.
- Quando é? – perguntou a Liliane.
- Amanhã. – respondeu a Camila. – Adeus, até amanhã.
A rapariga foi-se embora, voando na sua Fastbike.
- Margot, tenho de ir ao Centro Comercial, fazer umas compras e já venho. – informou a Liliane.
- Vai lá, e não demores. – pediu a Margot.
Liliane pegou na esferográfica que estava em cima da mesa e desceu de elevador até ao rés-do-chão do apartamento.
Tocou no botão amarelo da esferográfica e esta transforma-se numa Fastbike, uma espécie de trotinete com estilo de mota, com um motor muito potente que nos permitia voar até aos 240km/h.
Foi ao Centro Comercial, tocou num botão encarnado e a Fastbike transformou-se outra vez numa caneta.
Liliane comprou um telemóvel com um designe arrojado e moderno que nos permitia fotografar, filmar, gravar filmes da televisão, músicas, tinha montes de jogos e permitia fazer vídeo chamadas.
No dia seguinte, Liliane foi à festa da Camila. Ofereceu-lhe o presente e esta ficou muito contente. Foi-se sentar à beira da piscina pedir um refresco.
Tirou a roupa e ficou de biquini e foi nadar na piscina.
Camila montou uma discoteca no jardim com a bola de espelhos, holofotes cheios de luzes coloridas e música muito curtida.
Foi muito divertido.


O Samuel estava a construir o novo hospital, quando voltou de novo os seus pensamentos. Como gostava de viver em Portugal, falavam praticamente a mesma língua, mas era um país com culturas e raça diferentes.
- Outra vez a sonhar? – interrompeu o pai.
- Estava a pensar como seria bom viver em Portugal. – explicou o Samuel.
- Mas não temos dinheiro. Agora cala-te e trabalha. – disse o pai.
Samuel deixou escapar um suspiro.
Ás seis da tarde, Samuel e o pai vão para casa, onde a mãe os esperava.
- O que é o jantar, mulher? – quis saber o Sr. Etelvino.
- Peru com arroz de ananás. – respondeu a Sr.ª Amina.
- Que bom! E para sobremesa? – perguntou o Samuel.
- Abacaxi ou abacate. – respondeu a Sr.ª Amina.
- Fixe! – exclamou o Samuel.
A família sentou-se e jantou na mesa pobre e humilde.

Capítulo 3

Jimmy e Alan


Jimmy McGuire, um rapaz norte-americano de 15 anos estava no computador como sempre, numa manhã de Sábado.
Jimmy tinha cabelos pretos curtos e lisos e olhos azuis.
- Filho, o que estás a fazer? Anda comer! – chamou a mãe, a Sr.ª Megan.
- Estou a inventar um programa para fazer os trabalhos de casa. – respondeu Jimmy.
- Muito pensas que consegues inventar alguma coisa, mas não consegues inventar nada. – disse a mãe.
- Está bem mãe, deixa-me acabar isto! – exclamou o Jimmy.
- Não espero nada, vem já comer! – zangou-se a Sr.ª Megan.
- Está bem, mãe. – respondeu irritado, o Jimmy.
E lá desceu as escadas abaixo, para ir comer o que estava na mesa.
O pequeno almoço era ovos mexidos com salsicha.
- Mãe, eu praticamente falando, serei um grande engenheiro informático cientista. – desabafou o Jimmy.
- O que andas a aprontar desta vez? – quis saber a Sr.ª Megan.
- Estou a fazer um programa para fazer os trabalhos de casa...
- Espera aí! Tu andas a inventar, o quê? Tu é que tens de fazer os teus trabalhos e não o computador...
- Mãe, tenha calma...
- Tenho calma... ouve lá Jim Paul McGuire, tu não consegues inventar nada, só fazes experiências que não têm função nenhuma e além disso, as tuas experiências nunca dão certo. – disse a Sr.ª Megan.
- Mãe, eu não desistirei. Ainda vais ficar orgulhosa do teu filho. Não sabes da história do cientista Thomas Edison...
- Não comeces com as tuas histórias, por favor! Eu sei que ele falhou em muitas experiências... – contrariou a Sr.ª Megan.
- E então?
Jimmy foi interrompido pelo barulho da fechadura.
- Pai! – exclamou o Jimmy.
- Jimmy, meu filho! – espantou-se o Sr. Rudolph.
Jimmy e o pai já não se viam há alguns meses, pois os seus pais estavam divorciados.
- Não disseste que vinhas... – contrariou a Sr.ª Megan.
- Resolvi fazer uma visita surpresa. – respondeu o Sr. Rudolph.
- O que andaste tecnicamente a fazer? – perguntou o Jimmy.
- Estive nas Ilhas Fiji. Mergulhei no Oceano Pacífico onde vi os recifes de coral e os atóis; e também estive na Alemanha, onde tínhamos de tentar salvar as espécies que estavam em risco de desaparecer por causa do desflorestamento da Floresta Negra . – respondeu o Sr. Rudolph.
O Sr. Rudolph era ecovoluntário. Trazia sempre vestido uma T-shirt e um boné da World Wildlife Find[1].
- Uau! – exclamou o Jimmy. – O teu trabalho é tão fixe!
- Pois é! Eu adoro! Foi lá na Alemanha que eu conheci a Fam, uma ecovoluntária do Green pace, muito simpática. – disse o Sr. Rudolph.
- E?... – perguntou o Jimmy.
- Eu e ela estamos a namorar...
- És sempre o mesmo, Rudolph! – zangou-se a Sr.ª Megan. – Divorciaste-te de mim e já andas atrás de moças!
- Precisamente por eu estar divorciado é que eu comecei a namorar a Fam.
- Eu não namoro... – começou a Sr.ª Megan.
- Não namoras porque não queres; ninguém te proíbe. – respondeu o Rudolph.
- Já estão a discutir! Vou mas é para o quarto. – disse o Jimmy.
Jimmy foi para o quarto fazer experiências no computador, enquanto os pais discutiam.

ü

Alan Manak, um esquimó de 10 anos, estava a almoçar pão, massa, chouriço, salsichão, patê, manteiga, chocolate, frutos secos, bolachas, sopa quente e limonada, juntamente com a sua família e amigos.
Alan tinha cabelos castanhos curtos, lisos e olhos verdes.
Depois do almoço, ele e mais os seus amigos pegaram nos seus kayaks e foram navegar em Tunulliarfik passando pela moreia submersa do fiorde Qooroq, onde estão encalhados dezenas de grandes icebergues, formando um magnífico espectáculo, (travessia do fiorde), onde apanharam mexilhões.
Quando chegaram às suas cabanas, os pais deles estavam a preparar-se para pescar.
- O que é que vão pescar? – perguntou o Alan.
- Salmão. E o que é que trazes aí no saco? – quis saber o Sr. Qüatak.
- Mexilhões para o jantar. – respondeu o Alan.
- Muito bem! Vai leva-los à mãe para ela pô-los no congelador, senão estragam-se... – avisou o Sr. Qüatak.
- Mãe, os mexilhões! – gritou o Alan para a mãe, enquanto dirigia-se a casa.
- Foram apanhar mexilhões? Mas isso é perigoso! – alarmou-se a Sr.ª Björk.
- Mas conseguimos. – disse o Alan. – Mete-os no congelador.
- Está bem. O teu pai foi apanhar salmão...
- Eu sei, eu vi-o. – interrompeu o Alan.
- Vai brincar com os teus amigos. – pediu a Sr.ª Björk.
- Não, eu vou com o pai pescar salmão. – desdisse o Alan.
- Não! É muito perigoso, tu ainda és uma criança. – discordou a Sr.ª Björk.
- Já não sou uma criança, mãe. Eu cresci, já tenho 10 anos. – lembrou o Alan.
A Sr.ª Björk ia chamá-lo á razão, mas Alan já estava nas correrias lá para fora.
- Pai, quero ir contigo. – chamou o Alan.
- Não, vai para o iglô, brincar com os teus amigos. – desdisse o Sr. Qüatak.
- Mas eu e eles já fomos sozinhos apanhar mexilhões... – Alan tentou convencer o pai.
- Está bem, venham lá connosco. – concordou o Sr. Qüatak, enquanto sorria.
Alan e os amigos subiram para os kayaks e o Sr. Qüatak enfiou-lhes um colete salva vidas.
Pescaram dois salmões bem grandes. Quando chegaram a casa, já era hora de jantar. A Sr.ª Björk já estava a refogar os mexilhões.
- Chegámos! – acenaram os “pescadores”.
- Que grandes salmões! – exclamou a Sr.ª Björk. – Estás bem, filho?
- Claro que estou, mãe. – respondeu o Alan.
Jantaram uma bela refeição. Refugado de mexilhões com salmão fumado e laranjada.
[1] World Wildlife Find que em Português quer dizer “Encontro da Vida Selvagem” é uma fundação norte-americana que protege a vida animal.

Capítulo 4

Doug e Pui-li


Doug, um rapaz australiano de 13 anos tinha cabelos curtos lisos pretos e olhos castanhos.
- Vai haver um concurso para surfistas, eu vou concorrer e vou ganhar! – gabou-se o Usher.
- E qual é o prémio? – quis saber o Sean.
- Quem ganhar, recebe um beijo da Alicia. – respondeu o Usher.
- Então eu também vou participar! – decidiu-se o Sean.
- Um beijo da Alicia? – espantou-se o Doug. – Então vão ter de competir comigo.
Todos os rapazes cobiçavam a Alicia, a bela rapariga ruiva. Era muito difícil conquistá-la; ainda nenhum rapaz tinha conseguido abrir o seu coração, o que tornava o “prémio” ainda mais apetecível.
Os três rapazes inscreveram-se no concurso.
- Eu é que vou ganhar! – gabou-se o Usher.
- Não, eu é que vou! Vai uma aposta? – desafiou o Doug.
- Vamos lá... aposto que vais ficar em segundo e o Sean em último! – concordou o Usher.
- Não me interessa ganhar, o que me interessa é participar – desdenhou o Sean.
- Pois, sabes que vais perder! – riram-se os dois.
Sean ficou muito triste, pois nunca tinha ganho nenhum concurso de surf, por isso, ele era muito gozado pelos colegas.
- Todos prontos? – a voz de um senhor anunciava o início do concurso. – Quem ganhar a prova de surfe o prémio será um lanche grátis com mais duas pessoas.
- Sim! – gritaram a rapaziada.
Rapazes e raparigas deitaram-se ao mar nas suas pranchas de surfe.
Passados alguns minutos, o tal senhor relatou:
- Meu Deus, há dois rapazes empatados que estão à frente. Qual dos dois vai ganhar?
Muitas pessoas se juntaram na praia para ver o tal concurso.
Doug e Usher estavam ambos no primeiro lugar, só um deles podia ganhar. Competiram muito.
- E quem ganhou o concurso de surfe “Setembro de 2015” foi: - o senhor anunciou o vencedor. – Como é que te chamas?
- Doug Timberlake. – respondeu ele.
- Doug Timberlake!! – gritou o senhor. – Vais ganhar um lanche grátis para mais duas pessoas.
- Parabéns, Doug! – desejou a Alicia.
- Alicia! – surpreendeu-se o Doug.
Alicia deu-lhe um beijo na face e ele corou. Os outros rapazes morreram de inveja.
- Podemos ir juntos ao lanche, que tal? – perguntou a Alicia.
- Por mim tudo bem! – respondeu o Doug.
- Traidor! – gritou o Usher.
Sean fitou o Doug com tristeza.
- Desculpa, Alicia, mas eu não posso ir contigo, tenho de ir com os meus amigos. – decidiu-se o Doug.
Sean sorriu e Usher ficou mais satisfeito, pois ele não faria uma coisa daquelas.
- Homens! Sois todos iguais! Uma lástima! – gritou a Alicia.
- Com que então eu ia ficar em segundo? Tu é que ficaste... – começou o Doug.
- Está bem, ganhaste a primeira parte da aposta e eu ganhei a segunda...
- Como assim? – quis saber o Doug.
- O Sean ficou em último, como sempre. – respondeu o Usher. – Se fosse ele, não participava em mais nenhum concurso de surfe.
- Alguém tinha de perder..., e eu já disse que não me importa ganhar, mas sim participar. – respondeu o Sean.
- Parem lá com a discussão e vamos mas é ao McDo. – disse o Doug.
Foram ao McDo e comeram umas hambúrgueres com batatas fritas e Coca Cola.

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Pui-li Takiashi era um rapaz japonês de 13 anos. Os cabelos pretos, lisos e espetados e olhos pretos rasgados escondidos por detrás de uns óculos de sol era o estilo do Pui-li.
Pui-li era muito conhecido nos arredores de Odaiba, (Tóquio) e era o rapaz mais popular da Escola de Odaiba.
Pui-li e os amigos foram ao parque andar de skate.
- Pui-li! – gritaram um grupo de raparigas, correndo para ele.
- Olá, meninas! – saudou ele.
As moças abraçaram-no e beijaram-no.
Os outros rapazes estavam cheios de inveja.
- Querem ver-me a andar de skate? – perguntou o Pui-li.
- Claro que sim. – responderam as garotas.
Pui-li pegou no skate, dirigiu-se à rampa e fez umas belas acrobacias.
- Boa, Pui-li! – exclamaram as raparigas.
- Obrigado. – agradeceu o Pui-li.
- Pui-li, vamos levar as meninas ao clube? – perguntou o Yamato, o melhor amigo do Pui-li.
- Querem? – interrogou o Pui-li.
- Claro. – responderam as moças.
Andaram pelas movimentadas ruas de Tóquio e chegaram ao clube de jogos.
- Vamos jogar o jogo d’ A Conquista do Espaço. – informou o Pui-li.
- O Pui-li vai ganhar. – apostaram as meninas.
Passado mais uma hora, o Pui-li tinha ganho os jogos todos.
- Vamos ao bar beber alguma coisa? – sugeriu o Pui-li.
- Adoraríamos, mas eu e a Myuki não podemos. – disse a Shizuka.
- Não faz mal...
- Mas gostava tanto de estar contigo. – respondeu a Myuki.
- Então, vem. – disse o Pui-li.
- Nem pensar, mana! És muito nova para andares em bares à noite. Vens mas é comigo. – ralhou a Shizuka.
- Mas maninha! – resmungou a Myuki.
- Nem mas nem meio mas, vais para casa. – decidiu a Shizuka.
- Vemo-nos amanhã. – disse o Pui-li.
- Até amanhã, borracho. – despediu-se a Shizuka.
- Até amanhã.
- Estás cheio de gajas bonitas! Que sorte! – exclamou o Yamato.
- Mas não penses que é assim tão bom, elas não param de me perseguir... não consigo ter nem um minuto de paz... E também com tanta gaja atrás de mim, não consigo escolher uma namorada. – discordou o Pui-li.
- Podias dar-me algumas das tuas pretendentes... – sugeriu o Yamato.
- É preciso que elas queiram... Qual de vocês quer sair com o Yamato? – perguntou o Pui-li.
Nenhuma levantou o dedo e o Yamato ficou muito triste.
- Coitado... – observou o Pui-li. – Se gostassem de mim, teriam querido passear com ele. Por isso quem gostar de mim de verdade...
Logo, todo o grupo de raparigas foram para ao pé de Yamato.
- Queres sair para onde? – perguntou a Sora.
- Pode ser ao bar. – respondeu o Yamato.
Yamato piscou o olho ao Pui-li e este sorriu.
Quando o Yamato se foi embora, Pui-li pensou:
- Por que é que eu não pensei nisso antes? Pelo menos posso estar em paz!
Pui-li foi para casa e depois de jantar foi para o jardim de casa contemplar as estrelas. Era o seu passatempo preferido depois do jantar.

Capítulo 5

A revolução robótica

Margot pegou no telefone e telefonou a um robot doméstico moçambicano.
- Temos de nos revoltar...
- Sim, já estou farto de trabalhar. – apoiou o robot Mohamed.
- Telefona a todos os robots domésticos que conseguires. Hoje vai haver uma revolução às 24:00h. – informou a Margot.
- E o que vamos fazer? – quis saber o Mohamed.
- Matar todos os adultos. – respondeu a Margot.
- Estou plenamente de acordo. – concordou o Mohamed.
- Informa os que conseguires, porque eu vou fazer o mesmo. – anunciou a Margot.
Mohamed telefonou a todos os robots moçambicanos e a um robot angolano e pediu que este espalhasse por todos os robots de Angola; e Margot a uma robot espanhola, e assim sucessivamente. Passados cinco horas, já todos os robots domésticos do Mundo já sabiam dos planos para a tal revolução e todos concordaram plenamente em fazê-lo. Já estavam fartos de trabalharem como escravos e não receberem nada em troca; mas isso chegaria ao fim depois da revolução.
A vida decorria normalmente, mas mal sabiam os adultos que os seus robots domésticos planeavam matá-los.
Ás 24 horas (em Portugal), os robots de todo o Mundo resolveram atacar.
- Olá, Margot! Vai pôr o meu casaco no bengaleiro, se faz favor. – pediu a Sr.ª Carina, que tinha chegado de uma reunião de trabalho.
Margot pegou no casaco e pendurou-o no bengaleiro.
- Obrigada. Oh, mas porque te tenho de agradecer? É o teu trabalho. – disse a Sr.ª Carina.
Margot levou a mão metálica ao pescoço da Sr.ª Carina, encostou-a contra a parede e começou a sufocá-la.
- Não sabia que tinhas tanta força, Margot! Mas agora larga-me, senão mando-te para a sucata. – ralhou a Sr.ª Carina a sufocar.
- As suas ameaças já não me metem medo. Já estou farta de ser maltratada pior do que um jumento. Apesar de ser feita de materiais recicláveis e de sucata eu também tenho sentimentos. – respondeu a Margot.
- Larga-me Margot, por favor. – pediu a Sr.ª Carina, quase a chorar. – Não me podes fazer mal mesmo que quisesses, estarias a desrespeitar uma lei.
- E vocês? Respeitam sempre as leis? Todos os robots domésticos reuniram-se para lutar pelos seus direitos. – criticou a Margot.
- Margot, larga-me. – pediu a Sr.ª Carina, quase sem conseguir respirar.
- Não. – respondeu a Margot.
- Socorro! – tentou gritar, a Sr.ª Carina, mas não conseguia, o grito estava estrangulado nas cordas vocais. – Vais para a sucata, seu robot inútil...
- Ai, sim? E tu vais para o Inferno. – disse a Margot, apertando o pescoço da Sr.ª Carina com muito mais força e assim permaneceu, até esta morrer estrangulada.
Liliane estava a dormir profundamente, quando de repente acordou por causa do barulho que estava na rua: pessoas a gritar e a fugir, carros e prédios a ser amaçados...
- O que se passa? – perguntou a Liliane, enquanto se dirigia para a janela do seu quarto.
Para espanto dela, encontravam-se muitos robots a bater e atirar carros para cima das pessoas. Estas fugiam e gritavam desesperadamente, mas de nada lhes valia. Havia mortos espalhados pelo chão, prédios com a luz acesa onde se ouviam objectos a partirem-se, muito sangue pelo chão e as pessoas todas feridas e alguns moribundos que ou tinham sido atropelados pelo exército de robots ou tinham sido esmagados por carros, postes ou candeeiros.
Liliane começou aos gritos e chamou pela mãe.
Liliane foi ao quarto dela e não a encontrou, mas depois lembrou-se que ela tinha ido a uma reunião.
- Preciso de um copo de água. – disse a Liliane.
Margot saiu apressadamente para a rua e ajudou o exército de robots.
Liliane passou pelo hall de entrada e deparou-se com a mãe morta.
- Mãe! – chorou a Liliane. – Margot, onde estás?
Liliane adorava o seu robot doméstico como se fosse a sua segunda mãe.
- MARGOT, AJUDA-ME! – berrou a Liliane.
Margot ouviu os gritos da sua pequena dona. Margot amava a Liliane, como se fosse filha. Quando a mãe dela tinha muitas reuniões, Margot preparava-lhe tudo, fazia-lhe companhia e contava-lhe histórias quando ela era mais pequena.
Liliane gritava a bom gritar o nome do seu robot doméstico e chorava muitas lágrimas.
- Tenho de ajudar a Liliane. – informou a Margot, aos seus companheiros.
- Quem é essa? – quiseram saber eles.
- A minha dona pequenina. – respondeu. – As crianças e adolescentes não se são para matar. Têm muita vida pela frente.
- Claro, eles são os nossos melhores amigos. – disseram eles.
- Tenho de ir, ela está a gritar por mim. – informou a Margot.
- Vai lá, mas é só por hoje, depois vamo-nos destruir. – objectou um robot doméstico.
Margot foi a correr ter com a Liliane. Esta estava a gritar pelo seu nome e estava abraçada à mãe.
Quando viu Margot, lançou-se a ela com alegria.
- Margot, tenho medo! Não deixes aqueles robots me matarem. – chorou ela. – Vê o que eles fizeram com a minha mãe...
- Está descansada, eles só vão matar os adultos...
- Mas como é que vamos sobreviver sem eles? Não conseguimos.
Margot entregou-lhe um cordão com uma bonita pedra preciosa cor de rosa.
- Através desta pedra, terás a mentalidade e as capacidades de um adulto. – disse a Margot.
- Isso quer dizer que este mundo vai ser domado por crianças e adolescentes? – perguntou a Liliane.
- Sim. – respondeu a Margot.
- E se perdermos esta pedra? – quis saber a Liliane.
- Terão sempre mentalidade de crianças. – disse a Margot. – Não o percas, vais precisar muito dele.
- Não vais ficar comigo, pois não? – interrogou a Liliane.
- Não. Depois desta guerra, os robots “morrerão” porque acabaram de infringir uma lei... Os robots não podem matar ou aleijar um ser humano...
- Porque é que eles estão a fazer isto? Porquê? – inquiriu a Liliane.
- Vingança, pura vingança. Estamos fartos de trabalhar como escravos e não receber nada em troca. – respondeu a Margot.
- Cada criança terá um cordão com uma pedra parecida com esta?
- Sim. – respondeu a Margot. - Mas não te preocupes, quando for uma hora da manhã em ponto, não te lembrarás de nada do que aconteceu. Põe o cordão.
Liliane colocou o cordão ao pescoço e não aconteceu nada, continuava a ser a mesma adolescente assustada.
- Não vejo diferença nenhuma...
- Não notarás nada no teu aspecto físico, só no aspecto psicológico...
- Não noto diferença nenhuma. – reparou a Liliane.
- É só a partir da uma hora da manhã e ainda só falta meia hora para lá chegar. – explicou a Margot. – Agora tenho de ir, adeus.
- Adeus. – despediu-se a Liliane. – Vou ter saudades tuas.
- Não vais, não. Acabei de te dizer que não te vais lembrar de nada...
- Mas ainda só falta meia hora para a uma hora da manhã...
- Não saias de dentro de casa, está bem? Adeus para sempre. – despediu-se a Margot. – Tenho de ir, já estou atrasada.
- Adeus. – chorou a Liliane, dando um abraço a Margot.
- Adeus, e que sejas feliz para o resto da vida. – desejou a Margot.
- Obrigada. – agradeceu a Liliane. – Adeus.
Margot saiu de casa da Liliane, o que foi de espantar foi a Margot ter soltado uma lágrima. Pois os robots não sentem emoções, mas a verdade era que a Margot sentia; pelo menos neste momento.
Faltavam vinte e cinco minutos para a hora que iria mudar tudo. Liliane pensou na sua infância, pois nunca mais iria ser adolescente e iria esquecer-se de tudo. Tinha de se lembrar agora, antes da uma hora da manhã. Como estaria o mundo lá fora, por detrás da porta, por detrás da cortina?
O que Liliane não sabia era que a revolução não só aconteceu em Portugal como em todos os países do Mundo.
Faltava vinte minutos para a uma hora da manhã.
Estava muito nervosa, pois nunca iria lembrar-se da sua infância e sob a sua adolescência tão curta. Queria saber como estavam as outras crianças e adolescentes. Olhou para a mãe e chorou uma lágrima.
Um robot quase a desfazer-se, entrou na casa dela e pegou na mãe.
- Para onde vais levá-la? – perguntou.
- Para o lugar dos mortos... o céu. – respondeu o robot, que estava quase irreconhecível de tão enferrujado e desfeito que estava. – Tenho de me apressar. Já estou atrasado.
- A Margot disse-me que vocês vão “morrer”...
- Sim, sacrificamo-nos pelos nossos direitos. Os humanos, apesar de terem sido eles que nos inventaram e de nos terem feito com base na sua imagem é a espécie mais reles que existe... depois, quando ocorre algo que não estava nos vossos planos, como por exemplo: os humanos fabricaram tantos robots, que a taxa de desemprego conseguiu ultrapassar os 70% e claro que nos culparam por isso, como se tivéssemos culpa... foram eles que nos inventaram... e não é tudo, só a espécie humana é capaz de matar seres da sua espécie e/ou de outra por puro prazer e diversão...
- Eu entendo os motivos da vossa revolução, mas mataram muita gente inocente...
- Vocês também matam, e por vezes não são julgados por isso...
- Por que é não mataram as crianças e adolescentes? – quis saber a Liliane.
- Resolvemos dar uma oportunidade a vocês... como os mais jovens são os mais inofensivos...
- Esta tragédia aconteceu em todo o Mundo, ou foi só em Portugal? – questionou a Liliane.
- Em todo o mundo. As pessoas com mais de dezanove anos morreram todas.
- Que horror!
- Mas para vocês não ficarem desorientados no Mundo, fabricamos estas pedras, a que trazes ao pescoço, que vos tornarão maduros e responsáveis.
- Pelo menos pensaram em grande...
- Apesar de termos umas cabeças de sucata “velha” e “enferrujada” como vocês dizem, nós sabemos pensar e podemos ser ainda mais espertos que vocês... Mas eu acho que vocês têm inteligência de galinha... quer dizer, nem de galinha vocês têm, porque de tudo o que vocês fazem, mais de metade é asneira... o que vocês têm não é inteligência é mania. – opinou o robot. – Bem, tenho de me ir embora, daqui a alguns minutos não passo de ferro velho. Gostei de te conhecer e falar contigo, pareces-me ser uma rapariga compreensiva e honesta! Caso raro hoje em dia!
O robot sorriu. Liliane não sabia que os robots tinham sensações e sentimentos, foi pena ter descoberto tão tarde.
- És muito filosófico, gostei de te ouvir falar. Mas só te peço mais uma resposta para uma pergunta.
- Diz.
- Eu não sabia que os robots tinham sentimentos...
- Vocês não sabem porque não vêem o que não querem, só vêem o que os vossos olhos vêm, mas não conseguem ver através do coração... Já agora como te chamas?
- Liliane. E tu?
- Fintas, um nome horrível! – respondeu o robot.
- Algum dia vai tudo voltar ao normal? – inquiriu a Liliane. – Vamos nos voltar a ver?
- Nada vai ser como dantes, não me vais voltar a ver, assim como a tua mãe... Não serás mais uma adolescente sonhadora de treze anos... os robots domésticos já não vos vão servir mais, vão ter de saber trabalhar e viver em comunidade. – respondeu o robot.
Só faltava dois minutos para a grande hora.
- Bom, chega de perguntas, tenho mesmo de ir. Adeus. – despediu-se o Fintas.
- Adeus, robot Fintas. – despediu-se a Liliane.
Liliane suspirou e segurou a pequena pedra preciosa que lhe tornaria numa mulher. Era muito bonito.
- Nada vai ser como dantes, já não me vou recordar dos meus sonhos, desejos e muito menos do meu passado. Mas uma coisa eu prometo, nunca mudarei o meu carácter. Continuarei a ser a mesma Liliane de sempre. – Liliane olhou para o relógio. – Só de pensar que daqui a dez segundos, vou ver o mundo com outros olhos. Estou ansiosa por saber como vai ser esse mundo.
Tocou uma badalada correspondendo à uma hora da manhã.
Liliane levantou-se do sofá e foi-se deitar. Sentia-se adulta.

Capítulo 6

Um Mundo só de jovens

Liliane acordou e já não se lembrava da sua infância. Foi tomar o pequeno almoço: pão com manteiga derretida e leite com café.
Foi para o trabalho na sua Fastbike. Liliane era modelo.
Samuel era dono de uma loja de artigos para construção civil . Sempre que se faziam grandes obras, era na loja dele que compravam os materiais imprescindíveis.
Alan era biólogo marinho, estudava os seres que habitavam o Oceano Árctico, mas nos seus tempos livres praticava pesca.
Jimmy era um dos mais conceituados engenheiros informáticos do Mundo.
Doug era surfista profissional e dono de uma loja de artigos para desporto.
Pui-li era veterinário, pois gostava muito de animais. Nos seus tempos livres ia à discoteca, aos bares, lia, ouvia música, jogava no computador, fazia judo, passeava os seus cães, um pastor alemão com nome de Taichi e um cadela labrador chamada Izumi ou regava o jardim à noite enquanto contemplava as estrelas.
Em todo o Mundo só havia crianças. Até os presidentes, os ministros, os reis, as rainhas e os príncipes e princesas.
O mais engraçado era que a vida decorria normalmente, como se nunca tivessem sido crianças e adolescentes e que a sua vida tivesse sido sempre esta. Uma rotina diária, mais especificamente.
Só os menores de sete anos é que continuavam crianças e brincavam a toda a hora.


Hugo Faria, um brasileiro mulato de dezasseis anos estava sentado na poltrona a ler o jornal.
- Que notícia! Tenho de fazer alguma coisa rápidinho... – pensou ele, mas foi interrompido por alguém que batia à porta.
- Desculpe interromper o senhor, é que estão aqui uns senhores que querem falar com você... – informou a secretária.
- Deixe-os entrar. – ordenou o inspector Hugo Faria.
- Podem entrar.
Entraram dois rapazes muito bem vestidos, um era negro com cerca de onze anos e o outro era índio com cabelo negro e comprido amarrado num rabo de cavalo com cerca de catorze anos.
- Deixe que me apresente, sou o inspector Mendes e este índio aqui, é o meu companheiro, o Sr. Tavares. – anunciou o negro.
- Sim, já sei quem são vocês... mas o que é que querem de mim? – perguntou o inspector Hugo Faria.
- Temos uma informação do nosso chefe. – respondeu o inspector Mendes. – Tavares, lhe mostre o envelope que está dentro da minha pasta.
- Está aqui. – disse o Sr. Tavares.
- Ora cá está, a informação que o chefe nos mandou entregar, nós não sabemos do que se trata, nós não somos coscuvilheiros, como muita gente daí, somos pessoas de confiança...
- Se cale, por favor! – implorou o inspector Faria.
- Desculpe. – desculpou-se o inspector Mendes.
O inspector abriu o envelope e lá estava um papel. Abriu-o e começou a lê-lo.

Caro inspector Hugo Faria, o melhor inspector do Brasil, já deve ter lido nos jornais que estão a acontecer coisas terríveis. O que eu quero dizer é que eu quero que você me ajude nestes casos complicados... mas como deve saber, os meus outros inspectores não são tão competentes como o senhor, por isso o meu favor é que se não importasse, faria a sua própria patrulha (pode escolher quem quiser), mas tem de ter as qualidades necessárias para se ser membro de uma patrulha que vai ter de viajar para vários países e resolver os problemas que houver”.


Cumprimentos, Inspector Chefe Mendonça Soares

- Então? – perguntou o inspector Mendes.
- Lê. – disse o inspector Faria.
- Tavares, leia em voz alta para mim. – ordenou o inspector Mendes.
- Sim, senhor. – obedeceu o Sr. Tavares.
O Sr. Tavares leu a carta em voz alta e o inspector Mendes ficou perplexo.
- O chefe me quer dispensar? – quis saber o inspector Mendes.
- Não, é bem assim, patrão. Segundo a carta, o Sr. Inspector Faria terá a seu cargo o poder de escolher uma nova patrulha, pelo menos, por algum tempo a gente vai ‘tar dispensado. – explicou o Sr. Tavares.
- É isso aí? – inquiriu o inspector Mendes, dirigindo-se para o inspector Faria.
Hugo Faria acenou afirmativamente.
- Espere! Eu não ‘tou nem aí de aceitar essa proposta... – criticou o inspector Mendes.
- Mas tem de concordar, são as leis do chefe... ele é que manda! – corrigiu o inspector Faria.
- Tem razão, inspector Hugo Faria, ‘tou a ver que vou ser dispensado dos meus serviços.
- Pelo menos, por enquanto. – respondeu o inspector Faria.
- Nem quero pensar nisso! – chorou o inspector Mendes.
- Não chore, Sr. Inspector, é só por uns tempos... pode aproveitar esse tempo todo para tirar umas férias e descansar. Pode ir por exemplo, num cruzeiro para as Caraíbas, lá pode ir à praia e relaxar. – sugeriu o Sr. Tavares.
- Óptima ideia! – aplaudiu o inspector Mendes. – Muito boa sorte com o seu trabalho, inspector Faria. Se precisar de ajuda, é só me chamar.
- Muito obrigado, sim. Acho que vou precisar da sua ajuda. – agradeceu o inspector Faria.
Os olhos do inspector Mendes brilharam de contentamento.
O inspector Hugo foi buscar um computador portátil ligado à Internet.
- O que é preciso para se ser membro de uma patrulha de agentes secretos? – perguntou ele.
- Habilidade corporal, astúcia e espírito cénico. - respondeu o inspector Mendes.
- Exacto! Vou colocar estes parâmetros e pesquisar em todos os países do Mundo quem tem estas qualidades. – disse o inspector Hugo Faria.
- Só uma coisa, Sr. Inspector, eu aconselharia o senhor escolher uma pessoa de cada continente. – sugeriu o Sr. Tavares.
- Mas que boa ideia, Sr. Tavares. Grandes encomendas vocês me saíram! – espantou-se o inspector Faria.
Este, colocou estes parâmetros no computador e pediu “América”. Apareceram muitas pessoas, mas houve uma que lhe impressionou bastante:


Nome: Jim Paul Keys McGuire
Idade: 15
Morada: Nova Iorque, Estados Unidos da América
Profissão: engenheiro informático
Passatempos: estar em frente ao computador
Habilitações literárias: 10º ano

- Interessante, ele deve ter jeito para raciocinar; e hoje, pelos tempos que correm é preciso alguém que saiba mexer em computadores. – deu a sua opinião, o inspector Hugo. – Austrália.
Apareceram vários, mas houve um que mais causou sensações.

Nome: Douglas Joseph Adams Timberlake
Idade: 13
Morada: Sidney, Austrália
Profissão: dono de uma loja de artigos para desporto; surfista profissional
Passatempos: surf
Habilitações literárias: 8ºano

- Um desportista! Nada mau! Agora, África.
Apareceram imensos, mas só um causou polémica entre todos:

Nome: Samuel Vasco Simões Sousa
Idade: 12
Morada: Maputo, Moçambique
Profissão: dono de uma loja de artigos para construção civil
Passatempos: trabalhar em construções importantes
Habilitações literárias: 7º ano

- Vamos precisar de alguém que saiba lidar com obras, já estão a ver para quê, não estão? – perguntou o inspector Hugo Faria.
- Sim. – responderam os outros dois. – Vamos para a Gronelândia.

Apareceram poucos, portanto a escolha foi fácil, todas as apostas apontaram para:

Nome: Alan Louis Mukavant Manak
Idade : 10
Morada: Gronelândia
Profissão: Biólogo Marinho
Passatempos: pesca
Habilitações literárias: 5º ano

- Olha, temos um pescador amigo dos peixes! – exclamou o inspector Faria. – Vamos para a Ásia.
Apareceram imensos miúdos, o que dificultou a tarefa, mas lá arranjaram o que quiseram:

Nome: Pui-li Takeru Kido Takiashi
Idade: 13
Morada: Tóquio, Japão
Profissão: veterinário
Passatempos: leitura, ouvir música, passear os cães, judo, regar as plantas, observar as estrelas, jogar no computador e umas idas à discoteca.
Habilitações literárias: 9º ano

- Este faz imensas coisas! Pela fotografia, quem diria que era um veterinário, gostava de animais, estrelas e plantas? – gozou o inspector Mendes.
- É para o senhor ver que não se pode julgar as pessoas pela aparência. – disse o Sr. Tavares.
- Só falta da Europa. – anunciou o inspector Hugo Faria.
Depois de pensarem um pouco, acabaram por escolher:


Nome: Liliane Margarida Freire Pereira
Idade: 13
Morada: Lisboa, Portugal
Profissão: modelo
Passatempos: andar de Fastbike, passear e fazer compras
Habilitações literárias: 8º ano

- Ela é muito bonita! – espantou-se o inspector Mendes.
- Pois é! – concordou o Sr. Tavares.
- Por isso é que eu a escolhi. – respondeu o inspector Faria. – Pronto, já tenho a nova patrulha de agentes secretos. Basta avisar o chefe e os miúdos.
O inspector Hugo Faria mandou um e-mail ao chefe com a lista dos novos membros, suas descrições e fotos.

Capítulo 7

A nova patrulha de agentes especializados

Hugo viajou num avião particular até aos Estados Unidos da América.
Depois de chegar ao aeroporto mandou um e-mail ao Jim, para ele ir ao café “Coffee and Soups” na cidade de Nova Iorque.
Jimmy intrigado com o e-mail, e como ele era muito curioso resolveu ir lá ao tal café. A verdade era que ele nunca tinha entrado naquele café. Era muito escondido, quase ninguém ia lá.
Entrou. Viu lá ao fundo, sentado numa mesa, a única pessoa que estava no café: um senhor de gabardina bege.
Jimmy dirigiu-se a ele.
- Jim McGuire? – perguntou o inspector Hugo.
- Sim! O que quer de mim? Quem é o senhor? – quis saber o Jimmy.
- Sou o inspector Hugo Faria. – respondeu ele.
O inspector explicou tudo ao Jimmy.
- Aceita ser membro dessa nova patrulha de agentes secretos? – interrogou o inspector.
- Claro que sim. – respondeu o Jimmy.
- Óptimo! Quer tomar um café com uma sopa, para começar o dia? – inquiriu o Hugo.
- O.k. – aceitou o Jimmy.
Hugo dormiu no prédio do Jimmy. No dia seguinte acordou, foi tomar o pequeno almoço e foi-se vestir muito bem agasalhado.
- Não vais morrer de calor, assim vestido? Não está assim tanto frio! – espantou-se o Jimmy.
- Vou à Gronelândia avisar o segundo membro da patrulha: Alan Manak. – informou o Hugo.
- O que vais levar? – quis saber o Jimmy.
- Um gorro de lã, bolsas estanques, óculos de sol, três camisas fibra, casaco de forro polar, calças e casaco impermeáveis, luvas, calças de treking, botas de treking, botas altas de borracha, estojo pessoal, luvas neoprene, saco cama, colchonete isolante, prato, caneca, lanterna e estojo de medicamentos. – respondeu o Hugo.
- Tanta coisa! – admirou-se o Jimmy.
- É preciso. – disse o Hugo.
Hugo viajou no seu avião particular até à Gronelândia.
Chegou lá e perguntou aos esquimós que se encontravam a andar de trenó.
- Desculpem, mas podem me dizer onde está o Alan?
- O Alan? O Alan sou eu. – respondeu ele.
- Ah, pois é verdade. Não tinha reparado. Tem a cara meio escondida... esse casaco é uma gracinha... – disse o Hugo.
- Mas o que quer de mim? – quis saber o Alan.
- Sou o inspector Hugo. – respondeu ele.
- O que é que eu fiz? – inquiriu o Alan.
- Nada. – respondeu o Hugo.
- Então... – Alan foi interrompido pelo Hugo.
- Vou lhe explicar tudinho.
Hugo explicou-lhe tudo.
- Então? Aceita ser um dos agentes secretos? Já falei com o norte americano Jimmy McGuire e ele aceitou. E você?
- Está bem, eu aceito. – decidiu o Alan.
- Boa! – exclamou o Hugo.
- Quer almoçar? – perguntou o Alan.
- Pode ser. – concordou o Hugo.
O almoço era: pão esquimó, carne de baleia frita, carne de caribú, anmmassat secos, gordura e carne de foca, limonada e fletão fumado.
- Tá tudo muito gostoso! – exclamou o Hugo.
- A sério? Fui eu que fiz. – admirou-se o Alan.
- Tou falando sério. Tá tudo muito gostoso. – disse o Hugo.
- Quer andar de trenó? – perguntou o Alan.
- Pode ser. – respondeu o Hugo.
Andaram de trenó e de seguida andaram de kayak e quando chegaram a casa já estava a escurecer.
Passado algumas horas, o Alan tinha acabado de cozinhar.
- Hora do jantar. – chamou o Alan.
Toda a gente reuniu-se na mesa.
- Que cheiro mais gostoso! E que bom aspecto! – exclamou o Hugo.
- Já percebeu porque é que aqui a hora de jantar é sagrada. – brincou a Hanna.
- Sim, a comida confeccionada pelo Alan é muito gostosa! – respondeu o Hugo.
O jantar era: pele crua de baleia, bacalhau seco, arroz e laranjada.
- Estava uma delícia! – exclamou o Hugo.
- Vamos contar uma história? – perguntou a Hanna.
- Pode ser. – respondeu o Hugo.
- Nós os Inuits, usamos um fio para contar histórias, denominado por «cama de gato».
- Interessante! – exclamou o Hugo.
- Vou contar duas lendas de Sedna. – informou a Hanna.
- Sim, conta lá. – pediu o Hugo.
Toda a gente encontrava-se reunida em volta de uma fogueira. Todos gostavam de ouvir as lendas do povo.
- Há uma variante do mito de Sedna em que, muito antes de se casar com o marido pássaro, deixa o seu pai enfurecido ao rejeitar o noivo que ele escolhera. Então, o velho grita: “ Tu desonraste-me e envergonhaste-me! Já que não quer o noivo que eu escolhi, fica com o meu cão, o único noivo digno de uma filha que envergonha o pai!”
Acontece que o cão do velho ouviu tudo com muita atenção. À noite, enquanto todos dormem, ele visita-a e toma-a como companheira. Quando o pai acorda e descobre o que aconteceu, sente-se mais desonrado e resolve isolar a filha numa ilha deserta. Para que mais serviria uma moça que dorme com um cão? Mas o cão gosta realmente de Sedna, principalmente porque ela agora carrega no ventre os frutos daquela noite de amor. Assim, todos os dias, o animal nada até à ilha onde Sedna está presa, levando nas costas um embornal cheio de alimentos.
O velho pai, desconfiado e enciumado, vigia o cão e descobre o que estava a acontecer. Decide então trocar a comida que ele carrega no embornal por pedras pesadas. O marido cão pula na água, o peso das pedras faz com que ele afunda e morra afogado. Sem alimentos, Sedna decide salvar os filhos, distribuindo-os por dois caiaques: num vão todos os filhos do marido cão que também nasceram com aparência de cachorros. Estes chegam à terra firme e transformam-se nos ancestrais do homem branco. No outro barco vão os filhos de Sedna que nasceram com aparência humana. Estes chegam a terra firme e transformam-se nos ancestrais do povo Inuit.
Tempos depois, arrependido, o velho pai decide resgatar Sedna do seu exílio. Trazida de volta para a aldeia, ela vive triste até que chega um belo estranho… que é nada mais nada menos que o marido pássaro.

Sedna, a mulher esqueleto

Um jovem pescador chegou com o seu caiaque numa região de águas profundas e atirou a rede. Ao puxá-las, sentiu que elas traziam algo grande e pesado. Imaginando tratar-se de um peixe avantajado, puxou com todo o entusiasmo até trazer à tuna uma horrível visão de uma mulher esqueleto. Era o corpo de Sedna, comido pelos peixes e deteriorado pela permanência nas águas abismais.
Apavorado, o pescador pôs-se a remar com toda a velocidade. Entretanto, quanto mais remava, mais rápido o esqueleto era arrastado atrás dele, pois os ossos haviam-se enroscado nas redes de pesca. Chegado à terra, o pescador pôs-se a correr com quantas forças tinha. Como levava com ele a rede, a mulher esqueleto vinha junto, pulando e chocalhando os ossos. O pescador pulou para a sua tenda, achando que ali estava protegido, e levou um enorme susto ao descobrir que o esqueleto entrara com ele.
Conseguindo superar a sensação de pavor, só então o rapaz teve coragem para olhar com mais atenção a mulher esqueleto e descobrir que ela só o seguia porque os seus ossos descarnados estavam enroscados na rede. Então, pela primeira vez o pescador sentiu compaixão por aquela mulher agora transformada num monte de ossos. Aproximou-se, tomou coragem e começou a desembaraçar os ossos dos fios da rede. Aos poucos, libertou todos os ossos do esqueleto e deitou-os cuidadosamente sobre uma confortável pele de urso. Encerrado o trabalho, e percebendo que nada mais podia fazer por aquele esqueleto que um dia fora uma mulher, foi dormir com uma lágrima a escorrer dos olhos.
Acontece que, depois de dormir um tempo imemorial no fundo do oceano, a mulher esqueleto sentiu-se confortável com a pele de urso. Então ela acordou, viu o seu benfeitor a dormir e viu também a lágrima a escorrer-lhe do olho. Como a mulher esqueleto tinha sede, levantou-se e bebeu a lágrima do pescador. E bebeu muito e muito, porque a sua sede vinha de muito longe. Depois percebeu que o pescador fizera comida, e comeu um pouco dela. E como a sua fome vinha de muito longe, ela comeu, comeu e comeu até sentir-se aquecida por dentro. E aos poucos, a carne foi de novo cobrindo os seus ossos, e os seus cabelos cresceram belos outra vez, e o seu corpo foi tomando forma. Quando o pescador acordou, descobriu que uma linda mulher dormia a seu lado. Não é preciso dizer que os dois ficaram juntos desde então, e que jamais faltou boa pesca para ele, pois ela sabia sempre dizer-lhe onde lançar a rede.
Para resumir, é importante ressaltar alguns pontos que são comuns a todas as lendas:

Sedna recusa os pretendentes “normais”, o que acaba levando a uma situação limite: ter de aceitar como marido que nem sequer pertence à espécie humana;
O marido pássaro de Sedna consegue levá-la para a ilha à custa de disfarces, mentiras e promessas não cumpridas;
O pai de Sedna tenta salvá-la, mas na hora em que a moça mais precisa dele, acovarda-se e tenta livrar-se da filha para salvar a própria dele;
Dos dedos de Sedna, cortados em algumas lendas, quebrados ou congelados noutras, nasce toda a vida marinha;
Mesmo traída, triste e abandonada no fundo do mar, Sedna continua a prover a vida do povo na superfície, permitindo que a fauna marinha do Árctico ofereça-se como alimento para os homens. Contudo, Sedna sofre com os desvios humanos. Os seus soluços e a sua inquietação provocam desequilíbrios climáticos e fome;
Só mediante um acto de purificação colectiva, a xamã consegue fazer contacto com Sedna e restabelecer as condições propícias à vida; - contou a Hanna.
- Muito engraçada a lenda! Mas como o que é que Sedna, sendo humana consegue ter filhos de um cão? – interrogou o Hugo.
- Isso é só uma lenda. – respondeu o Alan.
Hugo foi lá fora, fumar um cigarro e depara-se com uns miúdos de cinco anos a brincar aos «imitadores». O chefe colocava os pés na neve e os outros calcavam em cima das suas pegadas.
Foi para dentro, estava muito frio.
- Estão uns miúdos a brincar lá fora. – informou o Hugo.
- Não me diga... Meninos, venham já para dentro. – ralhou a Hanna.
- Está muito frio! – queixou-se o Hugo.
- Se quiser, eu aqueço-o. – sugeriu a Hanna.
- Pode ser. – respondeu o Hugo.
Hanna era uma esquimó com cerca de dezoito anos.
Hugo e Hanna foram para o quarto e fizeram amor acabando por adormecer.
- Meu Deus! Já estou atrasado, tenho de ir a Portugal. – exclamou o Hugo.
- Vai a Portugal fazer o quê? – quis saber a Hanna.
- Negócios, Hanna, negócios. – respondeu o Hugo.
O Hugo vestiu-se e foi tomar o pequeno almoço e viajou no seu avião particular para Portugal.
Hugo chegou a Lisboa e foi directamente à agência de modelos, onde Liliane trabalhava.
- Liliane Pereira? Quero falar com você. É urgente! – pediu o Hugo.
- Quem é o senhor? – quis saber a Liliane.
- Sou o inspector Hugo Faria. – respondeu ele.
- E posso saber o que quer de mim? – perguntou a Liliane.
- Vou lhe explicar tudo. – garantiu o Hugo. – Mas não aqui.
- Então, aonde vamos? – inquiriu a Liliane.
- Deixo isso por sua conta. – respondeu o Hugo.
- Pode ser num restaurante? – questionou a Liliane.
- Claro. – respondeu o Hugo.
- Então vamos... deixe-me arrumar aqui uns papéis e já vamos. – disse a Liliane.
- O.k. – concordou o Hugo.
Foram jantar num restaurante ali perto e Hugo contou-lhe tudo em pormenor. Como já estava farto de repetir sempre a mesma coisa!
- Então? Aceita ser membro dessa nova patrulha? – perguntou o Hugo.
- Vou pensar. – respondeu a Liliane.
- Por favor, aceite. – pediu o Hugo.
- Está bem, mas o que é que eu ganho com isso? – quis saber a Liliane.
- Irá ganhar dinheiro... – disse o Hugo.
- Então, tudo bem. – respondeu a Liliane.
- Bom, amanhã terei de partir para Moçambique, informar outro dos membros da patrulha. – informou o Hugo.
- Pode dormir na minha casa. – abonou a Liliane.
- Obrigado, sim. – agradeceu o Hugo.
Liliane foi para casa na sua Fastbike, levando consigo o Hugo.
- Gosta de andar de Fastbike? – espantou-se o Hugo. – Ah, pois, isso estava na sua ficha... Eu cá não gosto nada, dá-me enjoos.
- Eu cá acho que andar de Fastbike é muito divertido. – discordou a Liliane.
- Bom, estou cheio de sono! – comentou o Hugo.
- Eu também. Vamos dormir. – concordou a Liliane. – Este quarto é para si.
- Obrigado. – agradeceu o Hugo.
Hugo estava fatigado... só de pensar que ainda faltava informar três pessoas ficou todo desanimado.
No dia seguinte, Hugo acordou bem cedo e foi tomar o pequeno almoço na cozinha. Liliane já estava acordada.
- O que é o pequeno almoço? – quis saber o Hugo.
- Leite com cereais. – respondeu a Liliane.
- Bem preciso de energias. Ainda me falta informar mais três pessoas. – anunciou o Hugo.
- Vou trabalhar com estas pessoas? – perguntou a Liliane, apontando para as fotos da nova patrulha.
- Sim. – respondeu o Hugo.
- E como é que os vou conhecer? – inquiriu a Liliane.
- Quando informar todo o pessoal, eu combino um dia para vocês se encontrarem comigo no Brasil, vem umas pessoas lhe pegar... depois dou mais pormenores. – respondeu o Hugo.
- Está bem. Posso ver o teu colar? – questionou a Liliane.
- Claro. – deixou o Hugo.
- É um bocado de coco! – espantou-se a Liliane.
- Sim, é bonito, não é? – perguntou o Hugo.
- Sim, é muito bonito. – concordou a Liliane. – O meu é uma pedra cor de rosa em forma de rectângulo...
- Muito feminino! – comentou o Hugo. – Bom, estou muito atrasado. Vou ao aeroporto apanhar o meu avião particular.
- Quer que o leve ao aeroporto? – inquiriu a Liliane.
- Não, é melhor, não. – respondeu o Hugo. – O meu motorista me leva, ‘tá. Adeus.
- Adeus, inspector. – acenou a Liliane.
Passado algumas horas, o Hugo estava em Moçambique.
Ele e o seu motorista passaram pelo meio da selva, como se tratasse de um safari. Viu elefantes, girafas, zebras, búfalos e hienas.
- Vamos, depressa, tenho medo desses animais. – gritou o Hugo para o motorista.
- É para já, Sr. Inspector. – disse o motorista.
O motorista acelerou a fundo e parou em frente a um hospital em construção. O inspector avistou o Samuel a dar ordens e instruções aos funcionários.
- Samuel Sousa! – exclamou o Hugo.
- Quem és tu? – quis saber o Samuel.
- Sou o inspector Hugo Faria, muito prazer. – apresentou-se.
- É português? – perguntou o Samuel.
- Não, eu sou brasileiro. – respondeu o Hugo.
- Do Brasil? És do Brasil? Terra do café, do samba, da caipirinha e das gajas boas? – inquiriu o Samuel.
- É isso aí, rapaz. – abonou o Hugo. – Bom, eu gostaria de falar com o senhor sobre um assunto particular...
- Está bem. Diz lá o que tens para dizer que eu ‘tou com pressa. – disse o Samuel.
Hugo explicou tudo o que tinha a explicar e no fim questionou:
- Quer fazer parte da nova patrulha?
- Pode ser. – concordou o Samuel. – Vá, acabou tudo por hoje, vamos todos para casa.
- Ui, hoje o trabalho foi duro! Com tanto sol e tão pouca água...
- Tu ‘tá calado, ‘co patrão não gosta de malandragem... – disse outro trabalhador.
- Tu tem razão, vou-me calar e é já, pois ele ‘tá ouvindo. – disse o outro.
- Preguiçosos! – comentou o Samuel.
- Ainda bem que você é trabalhador... – desabafou o Hugo.
- Nasci para trabalhar. – disse o Samuel. – Quer fazer um safari?
- Bem, eu tenho medo desses bichos da selva e...
- Eles não fazem mal, quer dizer... fazem; mas vamos de jipe. – disse o Samuel.
- Bem, se me garante segurança, eu vou. – disse o Hugo.
- Boa! – exclamou o Samuel.
Hugo, Samuel e outros moçambicanos andaram de jipe pela selva. Viram muitos animais, entre os quais: girafas, elefantes, hienas, zebras, gazelas, hipopótamos, tigres, leões, búfalos, etc.
No final da visita à selva, Hugo exclama:
- Maravilhoso! África tem imenso mistério!
- Claro que tem, por isso é que gosto de viver aqui. Não é por acaso que Moçambique é conhecido como “A Jóia de África”.
- Pois...
- Deves estar com fome... ou sono...
- Sim, é verdade. Este safari me deu fome e sono! – disse o Hugo.
- Vamos já comer. Espera um bocadinho enquanto vou cozinhando.
Enquanto o Samuel cozinhava batata cozida com carne de búfalo, Hugo aproveitou para mandar um e-mail ao chefe.


- O jantar está pronto. – chamou o Samuel.
- ‘Tá tudo muito gostoso, parabéns! – elogiou o Hugo.
- Obrigado. – agradeceu o Samuel.
Depois do jantar, Hugo foi deitar-se.
No dia seguinte acordou e foi tomar o pequeno almoço.
- Vou para a Austrália. – informou o Hugo.
- Fazer? – quis saber o Samuel.
- Vou informar um dos membros da patrulha, Doug Timberlake. – explicou o Hugo.
- Que sorte! Eu nunca saí de Moçambique! – espantou-se o Samuel.
- Não se preocupe, porque quando esta patrulha entrar em acção, você vai ficar farto de tanto viajar e conhecer tanto país. – disse o Hugo.
- Que bom! Estou ansioso. – exclamou o Samuel.
- Só nesta semana fui aos Estados Unidos, à Gronelândia, a Portugal, a Moçambique, hoje vou à Austrália e amanhã vou ao Japão. – informou o Hugo.
- Isso é o máximo! Deve ser óptimo conhecer novos países, novas culturas...
- É muito bonito, mas cansa e bastante. Quando começar a viajar, só vai querer voltar a sua casa e descansar... – discordou o Hugo.
- Está com saudades do Brasil? – perguntou o Samuel.
- Se estou? Claro, rapaz! Quem me dera estar em casa a descansar e a beber um café, ou uma caipirinha, ou um conhaque, ou um batido de coco ou outro suco qualquer. Também ‘tou com saudades das praias do Rio e das garotas!... – desabafou o Hugo.
- Posso saber quem são os membros da patrulha? – inquiriu o Samuel.
- Claro que pode. – deixou o Hugo.
Hugo estendeu-lhe as fichas com as respectivas fotos e características.
- Essa tal de Liliane é muito bonita! – exclamou o Samuel.
- Pois é! – concordou o Hugo.
Ouve-se um toque de buzina lá fora.
- Bom, tenho de me ir embora, o meu motorista está à minha espera p’ra me levar ao meu avião particular...
- Avião particular? Mas isso é esplendido! – espantou-se o Samuel.
- Quando você for membro da patrulha também vai usar um avião particular...
- Estou tão emocionado! Quando é que vamos entrar em acção? – quis saber o Samuel.
- Em princípio, depois de amanhã. Vem umas pessoas para vos vir buscar pró Brasil e...
- Boa! – entusiasmou-se o Samuel.
Ouve-se mais três apitadelas.
- Tenho que me ir embora, ‘tou mesmo atrasado... Adeus, até breve. Fica bem, ‘tá? Se cuide. – despediu-se o Hugo.
- Adeus, inspector Hugo Faria. – despediu-se o Samuel.
Hugo entrou no carro e passado dez minutos estava na pista de aviões e dirigiu-se ao seu avião particular da Air Brazil, rumo à Austrália.
Chegou à Austrália e foi para a praia preferida dos surfistas. Tinha a certeza que encontraria lá o Doug.
Encontrou o Doug a surfar no mar com outros colegas.
Hugo esteve a admirar a partida. Doug era um óptimo surfista!
Depois de surfar, Doug foi a uma barraca comer um gelado.
- Voltei a ganhar-te, Usher... desiste. – comentou o Doug.
- Como sempre... ah, e como sempre, Sean ficou em último lugar... desiste, meu. Tu não consegues ganhar nada, é melhor veres outro desporto que tenhas jeito... deixa-me cá ver... assim de repente, não vejo nenhum... – gozou o Usher.
- Não vais começar, pois não? – criticou o Doug.
- Eu gosto de surfar e isso é o que interessa. – disse o Sean.
- É que gosto muito de gozar contigo, Sean... és um cromo! – riu-se o Usher.
Doug deu-lhe uma chapada na cara e Sean começou a chorar.
- Porque é que me bateste, pá? – quis saber o Usher, a esfregar a cara com a mão.
- Para estares calado, tu já sabes que o Sean começa a chorar. – respondeu o Doug.
- Bebé chorão...
- Bebé chorão? Ele não tem culpa de ser mais sensível que nós... – criticou o Doug. – Se não o entendes e não o aceitas tal como é, é porque tu não és um verdadeiro amigo... – Doug foi interrompido por uma salva de palmas.
- Muito bem, rapaz! Gostei muito de seu discurso! – exclamou o Hugo.
- Quem és tu? – perguntou o Doug.
- Eu sou o inspector Hugo Faria, muito prazer. – respondeu ele. – Preciso falar com você imediatamente.
- Sobre o quê? – interrogou o Doug.
- Sobre um assunto particular. – disse o Hugo.
Hugo e Doug falaram durante meia hora e o seu grupo de amigos já estava a ficar preocupado.
- Então, aceita ser membro dessa nova patrulha? – questionou o Hugo.
- Claro. – respondeu o Doug.
- As praias da Austrália são parecidas com as do Brasil...
- Tu és brasileiro? – inquiriu o Doug.
- Sim. – respondeu o Hugo. – Quer ver as fotos dos seus novos colegas?
- Claro que sim. – disse o Doug.
Hugo mostrou-lhe as fotografias.
- A Liliane é muito bonita! – surpreendeu-se o Doug.
- Pois é! – concordou o Hugo.
- Sabe, eu conheço uma rapariga muito bonita, a Alicia, é ruiva de olhos verdes cheia de sardas... Só que ninguém conseguiu conquistá-la... – informou o Doug.
- Mas que gatinha! – espantou-se o Hugo. – Onde está ela? Quero conhecê-la.
- Está ali, sentada na areia... está a ver aquela rapariga ruiva a pôr o protector solar nos braços? – perguntou o Doug.
- Hum, hum... – disse o Hugo.
- É ela. – respondeu o Doug.
- Muito bonita, sim senhor... Puxa, está imenso calor! – exclamou o Hugo.
- Está com calor? – interrogou o Doug.
- Sim, mas no Brasil é ainda mais quente! – informou o Hugo.
- Vamos fazer um negócio? – inquiriu o Doug.
- Que negócio? – quis saber o Hugo.
- Eu dou-lhe o gelado que quiser se conseguir conquistar o coração da Alicia, mas aviso-o já: não vai conseguir... mas se quiser tentar, faça o favor... – disse o Doug.
- Tudo combinado. Doug, não se esqueça que eu quero dois gelados: um Magnum de amêndoa para mim e um Magnum de chocolate e caramelo para ela. – disse o Hugo.
- Mas se não conseguires, serás tu a comprar esses gelados para mim. Porque eu aposto que não vais conseguir. – apostou o Doug.
- Apostado, companheiro; e é você que vai perder. – assegurou o Hugo.
Hugo foi ter com a Alicia e pergunta:
- Precisa de ajuda para colocar o protector solar?
- Não, obrigada. – respondeu ela, de maus modos.
- Mas deve precisar de ajuda para pôr nas costas e como a sua pele é muito branca vai precisar de protector nas costas, ainda apanha câncer de pele... – começou o Hugo.
- Está bem, ajuda-me lá... espera aí, eu não te conheço... quem és tu? – quis saber a Alicia.
Hugo desamarrou o biquini de Alicia e pegou no frasco de protector solar, borrou a mão de creme e espalhou-o nas costas dela.
- Sou o inspector Hugo Faria. Sou brasileiro. – respondeu ele.
- Ah... eu chamo-me Alicia Knowles. – respondeu ela.
- Bonito nome! – exclamou o Hugo.
- Tem a certeza que só veio ajudar-me a pôr o creme nas costas? – inquiriu a Alicia.
- Bem...ham... bem... não. – disse o Hugo. – Eu reparei no quanto a menina é bonita e resolvi tentar conhecê-la melhor...
- Bem, já percebi tudo, seu preto. Tu queres engatar-me para depois fazeres sexo comigo. – gritou a Alicia.
- Não é nada disso, pele de açúcar. É que eu fiz uma aposta com o Doug em como a conseguia conquistar e em troca os dois comeremos gelados pagos por ele. – explicou o Hugo.
- Ah, já me devia ter dito isso antes... sabe, o Doug deixou-me pendurada uma vez e eu estou a pensar em vingar-me... NENHUM HOMEM DEIXA A ALICIA KNOWLES PENDURADA. – berrou a Alicia. – Qual vai ser o meu gelado?
- Magnum de caramelo. – respondeu o Hugo.
- Como adivinhou que o meu gelado preferido é o Magnum de Caramelo? – quis saber a Alicia.
- Vi logo. – respondeu o Hugo.
- Hum, mas que rapaz tão interessante e sensível! Quem me dera que todos reparassem em mim... – exclamou a Alicia.
- Mas é tão bela!? – admirou-se o Hugo.
- Talvez... tu também és bonito. Desculpa eu ter-te chamado «preto». – desculpou-se a Alicia.
- Obrigado, princesa. – agradeceu o Hugo. – Eu não conheço nada da Austrália, e como me vou embora amanhã, não me pode mostrar o que esse país tem de belo? – perguntou o Hugo.
- Claro que sim, mas só depois de nadarmos no mar... sabe nadar, não sabe? – inquiriu a Alicia.
- Claro que sei, no Brasil o que não falta são praias! – exclamou o Hugo.
Alicia e Hugo nadaram no mar e comeram os gelados pagos pelo Doug, e este ficou furioso, assim como todos os outros rapazes da praia.
- Gostei muito de te conhecer, Hugo. És o melhor homem do mundo! – surpreendeu-se a Alicia.
- Ena! Obrigado! – agradeceu o Hugo. – Ei cara, você ‘tá vendo como sou atraente! - dirigindo-se a Doug.
Hugo e Alicia foram para um bar junto da praia onde beberam um conhaque e um whisky.
- Vem a minha casa. – pediu a Alicia, toda bêbeda.
- ‘Tá bem. – aceitou o Hugo, igualmente todo bêbedo.
Alicia levou o Hugo para casa dela e beberam uma garrafa de champanhe, agora é que estavam mesmo bêbedos... e sem darem por si, fizeram amor no sofá da sala.
Quando o Hugo se levantou, é que deu conta do que tinha acontecido. Nesse mesmo instante, Alicia, ao sentir falta do calor de Hugo, acordou.
- Meu Deus, me desculpa, a gente ‘tava bêbedo, a gente não sabia o que ‘tava fazendo... – Hugo foi interrompido pela Alicia.
- Desculpar, de quê? Foi tão bom! Mas que sensação óptima! – exclamou a Alicia.
- A sério?! Gostou? Isso é o que todas dizem... será que tenho um dom especial? – interrogou o Hugo.
- Acho que sim. – respondeu a Alicia.
- Bom, hoje estou de partida para o Japão. – desabafou o Hugo.
- Oh, que pena... será que nos voltaremos a encontrar? – questionou a Alicia.
- Espero bem que sim, vou morrer de saudade de você... – disse o Hugo.
- Eu também. – concordou a Alicia. – Vou preparar-te o pequeno almoço.
O pequeno almoço foi leite com café e pão com doce de morango.
Hugo foi vestir-se e telefonou ao seu motorista para o vir buscar, ditando a morada.
Alicia deu um beijo na boca de Hugo e abraçaram-se com carinho.
Hugo teve de esperar uma hora e meia pelo motorista, pois este estava de ressaca de ontem à noite por tanto beber e andar em bordéis e além disso não conhecia Sydney.
- Bom, até mais ver. – despediu-se o Hugo.
- Adeus e boa viagem! – desejou a Alicia, com uma lágrima no canto do olho. Nunca nenhum homem a tinha feito sentir mulher.
Hugo viajou no seu avião particular e exclamou:
- Só falta mais este!
Chegado ao Japão viu um modo de vida muito diferente do que estava habituado.
Tóquio era uma cidade muito desenvolvida, com grandes televisores fixados nos grandes edifícios onde estava a dar um programa sobre as artes marciais.
Avistou o Pui-li com um grupo de amigas atrás. Dirigiu-se até ele e informou:
- Sou o inspector Hugo Faria, preciso de falar urgentemente com você.
- Se pensas em prender o Pui-li, arrancamo-te o sebo. – disse a Shinobu.
- Não se preocupem não tem nada a ver com isso, o assunto que quero tratar com ele... – respondeu o Hugo.
- Ainda bem. – interrompeu a Sakura.
- Então do que se trata? – inquiriu o Pui-li.
- É um assunto que só lhe diz respeito, portanto é particular. – anunciou o Hugo.
- O.k. vamos àquele café e conversamos os dois. – decidiu o Pui-li.
Hugo e Pui-li conversaram durante meia hora.
- Aceita ser membro da nova patrulha? – questionou o Hugo.
- Por mim tudo bem, desde que os meus animais e as minhas plantas sejam tratados. – disse o Pui-li.
- Ouça, isso é por sua conta, você dá esse cargo à pessoa que pensa ser a mais correcta. – aconselhou o Hugo.
- Sim, vou dar esse cargo à Myuki, ela gosta muito dos meus cães e dos meus bonsais. – concordou o Pui-li.
Saíram do café e as raparigas perguntaram:
- O que é que ele queria?
- Perguntou-me se queria ser membro de uma nova patrulha e eu aceitei... – respondeu o Pui-li.
- Quer dizer que vais ser um agente secreto? – interrogou a Man Po.
- Sim...
- E vais estar sempre a viajar? – inquiriu a Shizuka.
- Sim...
- E os teus cães, o teu trabalho e os teus bonsais? – quis saber a Myuki.
- Serás tu a trata-los. – respondeu o Pui-li.
- A sério?! Que bom! – entusiasmou-se a Myuki.
- Sim.
- Bom, eu gostaria de conhecer Tóquio, será que posso passear com vocês? – perguntou o Hugo.
- Claro que sim. – respondeu o Pui-li.
- Que bom! – exclamou o Hugo.
- É de onde? – quis saber o Pui-li.
- Sou do Brasil. – respondeu o Hugo.
- Belo país! – admirou-se a Sora.
- Pois, eu também acho. – concordou o Hugo.
Riram-se todos.
- Vamos ao bar? Já são meia noite e quarenta. – sugeriu o Pui-li.
- Vamos pois. – concordou o Hugo.
O bar estava decorado com motivos orientais, mas a música era do Ocidente. Hugo ficou deslumbrado com o licor de arroz e com o Sake.
Man Po e Sakura resolvem ir até ele.
- Gostou do licor de arroz e do Sake? – perguntou a Man Po.
- Sim. – respondeu o Hugo.
- O Brasil é um paraíso, não é? – inquiriu a Sakura.
- Sim, para os criminosos é o sítio ideal. – disse o Hugo.
- Oh! – exclamaram as duas.
E continuaram a conversar durante uma hora e estavam os três embriagados.
Saíram do bar a cantar e a cambalear. Man Po levou o Hugo e a Sakura para sua casa e Hugo acabou por fazer amor com as duas ao mesmo tempo. Elas estavam espantadas e ele também. Tinha sido uma noite em grande. Pela primeira vez, elas esqueceram o Pui-li e isso era fantástico, pelo menos para elas, pois estavam fartas de amarem tanto e esse amor não ser correspondido.
De manhã, Hugo telefonou ao chefe e ao inspector Mendes para informar que já tinha informado todos os membros da patrulha. Pediu ao Mendes para mandar vir dez homens, dois para cada país para virem buscar os novos agentes e levá-los para o Brasil e hospedá-los num hotel de luxo.
O inspector Hugo despediu-se das meninas e foi buscar o Pui-li a casa para levá-lo ao Brasil. Só que Pui-li demorou tanto tempo a despedir-se de Taichi e Izumi, os seus cães.
- Vamos, homem, seja forte. – disse o Hugo.
Só depois de Myuki ter assegurado que ia dar de comer aos cães duas vezes por dia e regar os bonsais todos os dias é que conseguiu ir-se embora.
E lá foram os dois num avião particular para o Brasil onde Pui-li foi hospedado num hotel de luxo e depois foram almoçar feijão preto com picanha e sumo de manga.

Capítulo 8

A primeira reunião

O inspector Mendes e o Sr. Tavares foram a casa do Jimmy e mandaram outros inspectores informarem os restantes membros da nova patrulha.
- Boa tarde, eu sou o inspector Mendes e vim te buscar para o Brasil, a mando do inspector Hugo Faria. – informou ele.
Todos os outros inspectores diziam mais ou menos a mesma coisa e num dia já tinham reunido todos os membros da nova patrulha num hotel de luxo no Rio de Janeiro.
- Estou muito feliz por vos ter aqui a todos. – discursou o Hugo. – Eu queria vos dizer que a partir de hoje vão ter muitos casos esquisitos para resolver e terão que viajar para vários países.
- Mas que calor!... Ninguém tem nenhum refresco, água fresca, um leque ou uma ventoinha para eu poder arrefecer um bocado? – pediu o Alan, pois não estava habituado a altas temperaturas.
- Simone, traga um refresco para este cavalheiro, se faz favor. – mandou o Hugo.
- Com certeza, Sr. Inspector, com licença. – obedeceu a empregada.
No mesmo instante que a Simone traz o refresco, ouve-se um “bip”.
- Recebi um e-mail do chefe. Ele vai dizer qual é o caso que vocês irão tratar. – informou o Hugo.
O e-mail trazia um ficheiro armazenado e Hugo abriu-o. Era uma página do jornal português “Jornal de Notícias”.

Mutantes aterrorizam Angola...

Relatos apontam que existem mutantes em Angola. Ontem dois polícias apareceram com a cabeça de um monstro. O pior é que ninguém sabe donde vem a origem dos mutantes. Fotos comprovam!

Dois polícias foram tomar banho na praia “Barreira Negra”, depois de um longo dia de trabalho. Quando acordaram de manhã, viram os seus rostos e corpos deformados. Mesmo assim, arranjaram coragem e foram para o emprego. Ficaram todos muito assustados e começaram a gritar «Socorro, monstros». Até nós ficamos aterrorizadas com tão grande deformação no rosto. «É só uma máscara» diz um agente.
Os dois polícias de nome Márcio Silva e Dércio Monteiro gritaram «somos nós, quando acordamos ficámos assim».
mutante
Perguntamos o que fizeram ontem “Nadamos na praia “Barreira Negra”. «Será que a água do mar dessa praia está cheia de produtos tóxicos?» supus.
A minha colega Sara apoiou o meu raciocínio e resolvemos investigar. À noite, nós as três e um
grupo de agentes angolanos fomos pesquisar essa praia. «Ali, ali» gritava a Sara. Beatriz fotografou para onde a Sara apontava aterrorizada.
Acabamos por pensar que não tínhamos descoberto nada, mas quando revelamos as fotografias o resultado era horrível. Um mutante!
Tudo leva a crer que há mutantes em Angola, mas o que é que origina tal monstruosidade? Isso ninguém sabe.

- Que horror! – espantaram-se todos.
- É para lá que vocês vão: para Angola. – decidiu o Hugo. – Vocês vão resolver este caso.
- Claro que vamos. – assegurou o Pui-li.
- Estou a ver que não vou para muito longe... – desabafou o Samuel.
- Mas vai ter outras missões que vão ser bem mais longe que o seu país. – tranquilizou o Hugo. – Bom, vão partir já amanhã, vão fazendo a mala.
Todos fizeram a mala entusiasmados.
- Não se esqueçam: tudo o que descobrirem me informem logo. – avisou o Hugo.
- Está bem. – disseram todos.
No dia seguinte de manhã, foram num avião particular para Angola.

Capítulo 9

Perdidos no meio da floresta

Chegaram a Angola e hospedaram-se numas cabanas. Tomaram o pequeno almoço: leite com cacau e bolo de chocolate.
- Vamos fazer um safari? – perguntou o Samuel.
- Pode ser. – responderam todos.
Reuniram-se com alguns habitantes locais e alugaram jipes e armas.
Viram muitos animais e acabaram por descansar à sombra de uma árvore e fazer um piquenique.
Depois de descansarem, retornaram a fazer o safari. Passado quatro horas, estavam completamente embrenhados na floresta.
- Desculpem informar-vos, mas... estamos perdidos. – informou um dos angolanos acompanhantes.
- O quê?! Eu não quero estar aqui na floresta... quero as minhas coisas... Portanto, levem-me já de volta. – gritou a Liliane.
- Calma, vai correr tudo bem... – tentou tranquilizar o Samuel. – A selva não é assim tão má...
- Eu já não aguento mais este calor!... Quando sairmos daqui, vou para dentro duma arca frigorífica! – exclamou o Alan.
- Que exagero! – disse o Samuel.
- Temos de arranjar uma maneira de sair daqui... – começou o Doug.
- Vocês deveriam conhecer a selva... eu não quero ser comida por animais selvagens... – protestou a Liliane.
- Queres ser comida, pelo quê? – brincou o Pui-li, interessado.
- Palerma, estúpido, pateta, idiota, tarado, safado, perverso, tolo, atoleimado, parvo, estupor, excomungado...
- Ei, vê lá como falas, minha menina. Respeito é bom e eu gosto. – reclamou o Pui-li.
- Tu faltaste-me ao respeito. – disse a Liliane.
- Estava só a brincar!... Ainda não comi ninguém... – desculpou-se o Pui-li.
- Digitei algumas informações desta selva no meu computador e ele consegue dizer onde estamos, portanto, também vai conseguir tirar-nos daqui. – informou o Jimmy.
- Boa, Jimmy! – saudaram todos.
Jimmy começou a digitar algumas informações, quando o computador se desligou.
- Mas o que se passa? – quis saber o Jimmy.
- A bateria deve ter ido abaixo. – objectou o Doug.
- Ou alguma interferência que fez com que o computador perdesse o sinal e desligasse. – raciocinou o Pui-li.
- Pois, eu tinha-o carregado logo de manhã... – criticou o Jimmy.
- E já são 22:30h! Está tão escuro! Estou cheia de medo! – suspirou a Liliane.
- Não te preocupes, eu protejo-te... – tranquilizou o Pui-li.
- Afasta-te, palerma. – gritou a Liliane.
Pui-li ficou triste, pois nunca na vida as raparigas tinham-no tratado mal.
Nesse mesmo instante, ouviram um barulho por detrás dos arbustos.
- Será um leão ou um tigre? – perguntou a Liliane, apavorada.
Como estava muito escuro não viram o ser que era, mas quando ele atravessou o caminho deu para ver com horror, que era um... mutante!
- Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! – gritaram todos.
O mutante começou a fugir, mas um dos acompanhantes dos pequenos grandes heróis deu-lhe um tiro e o mutante deu um rugido assustador.
- Venham ver! – entusiasmaram-se.
Foram ver. Era um mutante muito feio e o sangue que escorria das costas dele não era vermelho, era verde!!!
- Que horror! – surpreenderam-se todos, muito chocados.



- Muito bem, Augusta! Agora só nos falta mais uma coisa... – disse o Júlio.
Júlio era um português que tinha estudado ciências e química na universidade de Massachusetts, mas tinha sido expulso porque tinha atitudes muito bizarras e resolveu vingar-se, pois o seu sonho de ser um grande cientista ficou a meio, mas prometeu nunca desistir dele e iria lutar por ele, nem que fosse por caminhos do mal.
Augusta era uma angolana, sua ajudante.
Júlio, escolheu Angola para se instalar, exactamente por ser um país do terceiro mundo e a mão-de-obra era barata.




- Não podemos deixá-lo aqui... – disse um angolano, chamado Igor.
- Vamos levá-lo para onde? – quis saber o Samuel.
- Ao centro de investigação na África do Sul. – respondeu o Igor.
- Sim, acho uma óptima ideia! – aplaudiu o Samuel.
- Mas como iremos levá-lo à África do Sul, se estamos perdidos? – perguntou o Doug.
- Tens razão. Mas não vamos ficar perdidos para sempre. – respondeu o Samuel.
Noite escura. Samuel consultou o relógio: 23:25h.
- Estou cheia de sono!... Quero sair daqui!!! – berrou a Liliane.
- Estou a começar a ficar desesperado. – comentou o Alan.
- É melhor descansarmos e amanhã de manhã iremos à procura das nossas cabanas. – sugeriu o Igor.
Deitaram-se o melhor que puderam nos acentos dos jipes.
- Não consigo dormir, tenho medo! – lacrimejou a Liliane.
- Não tenhas medo, Liliane. – tentou tranquilizar o Pui-li. – Vai correr tudo bem, vais ver.
- Espero que tenhas razão. – disse a Liliane.