domingo, fevereiro 05, 2006

Capítulo 7

A nova patrulha de agentes especializados

Hugo viajou num avião particular até aos Estados Unidos da América.
Depois de chegar ao aeroporto mandou um e-mail ao Jim, para ele ir ao café “Coffee and Soups” na cidade de Nova Iorque.
Jimmy intrigado com o e-mail, e como ele era muito curioso resolveu ir lá ao tal café. A verdade era que ele nunca tinha entrado naquele café. Era muito escondido, quase ninguém ia lá.
Entrou. Viu lá ao fundo, sentado numa mesa, a única pessoa que estava no café: um senhor de gabardina bege.
Jimmy dirigiu-se a ele.
- Jim McGuire? – perguntou o inspector Hugo.
- Sim! O que quer de mim? Quem é o senhor? – quis saber o Jimmy.
- Sou o inspector Hugo Faria. – respondeu ele.
O inspector explicou tudo ao Jimmy.
- Aceita ser membro dessa nova patrulha de agentes secretos? – interrogou o inspector.
- Claro que sim. – respondeu o Jimmy.
- Óptimo! Quer tomar um café com uma sopa, para começar o dia? – inquiriu o Hugo.
- O.k. – aceitou o Jimmy.
Hugo dormiu no prédio do Jimmy. No dia seguinte acordou, foi tomar o pequeno almoço e foi-se vestir muito bem agasalhado.
- Não vais morrer de calor, assim vestido? Não está assim tanto frio! – espantou-se o Jimmy.
- Vou à Gronelândia avisar o segundo membro da patrulha: Alan Manak. – informou o Hugo.
- O que vais levar? – quis saber o Jimmy.
- Um gorro de lã, bolsas estanques, óculos de sol, três camisas fibra, casaco de forro polar, calças e casaco impermeáveis, luvas, calças de treking, botas de treking, botas altas de borracha, estojo pessoal, luvas neoprene, saco cama, colchonete isolante, prato, caneca, lanterna e estojo de medicamentos. – respondeu o Hugo.
- Tanta coisa! – admirou-se o Jimmy.
- É preciso. – disse o Hugo.
Hugo viajou no seu avião particular até à Gronelândia.
Chegou lá e perguntou aos esquimós que se encontravam a andar de trenó.
- Desculpem, mas podem me dizer onde está o Alan?
- O Alan? O Alan sou eu. – respondeu ele.
- Ah, pois é verdade. Não tinha reparado. Tem a cara meio escondida... esse casaco é uma gracinha... – disse o Hugo.
- Mas o que quer de mim? – quis saber o Alan.
- Sou o inspector Hugo. – respondeu ele.
- O que é que eu fiz? – inquiriu o Alan.
- Nada. – respondeu o Hugo.
- Então... – Alan foi interrompido pelo Hugo.
- Vou lhe explicar tudinho.
Hugo explicou-lhe tudo.
- Então? Aceita ser um dos agentes secretos? Já falei com o norte americano Jimmy McGuire e ele aceitou. E você?
- Está bem, eu aceito. – decidiu o Alan.
- Boa! – exclamou o Hugo.
- Quer almoçar? – perguntou o Alan.
- Pode ser. – concordou o Hugo.
O almoço era: pão esquimó, carne de baleia frita, carne de caribú, anmmassat secos, gordura e carne de foca, limonada e fletão fumado.
- Tá tudo muito gostoso! – exclamou o Hugo.
- A sério? Fui eu que fiz. – admirou-se o Alan.
- Tou falando sério. Tá tudo muito gostoso. – disse o Hugo.
- Quer andar de trenó? – perguntou o Alan.
- Pode ser. – respondeu o Hugo.
Andaram de trenó e de seguida andaram de kayak e quando chegaram a casa já estava a escurecer.
Passado algumas horas, o Alan tinha acabado de cozinhar.
- Hora do jantar. – chamou o Alan.
Toda a gente reuniu-se na mesa.
- Que cheiro mais gostoso! E que bom aspecto! – exclamou o Hugo.
- Já percebeu porque é que aqui a hora de jantar é sagrada. – brincou a Hanna.
- Sim, a comida confeccionada pelo Alan é muito gostosa! – respondeu o Hugo.
O jantar era: pele crua de baleia, bacalhau seco, arroz e laranjada.
- Estava uma delícia! – exclamou o Hugo.
- Vamos contar uma história? – perguntou a Hanna.
- Pode ser. – respondeu o Hugo.
- Nós os Inuits, usamos um fio para contar histórias, denominado por «cama de gato».
- Interessante! – exclamou o Hugo.
- Vou contar duas lendas de Sedna. – informou a Hanna.
- Sim, conta lá. – pediu o Hugo.
Toda a gente encontrava-se reunida em volta de uma fogueira. Todos gostavam de ouvir as lendas do povo.
- Há uma variante do mito de Sedna em que, muito antes de se casar com o marido pássaro, deixa o seu pai enfurecido ao rejeitar o noivo que ele escolhera. Então, o velho grita: “ Tu desonraste-me e envergonhaste-me! Já que não quer o noivo que eu escolhi, fica com o meu cão, o único noivo digno de uma filha que envergonha o pai!”
Acontece que o cão do velho ouviu tudo com muita atenção. À noite, enquanto todos dormem, ele visita-a e toma-a como companheira. Quando o pai acorda e descobre o que aconteceu, sente-se mais desonrado e resolve isolar a filha numa ilha deserta. Para que mais serviria uma moça que dorme com um cão? Mas o cão gosta realmente de Sedna, principalmente porque ela agora carrega no ventre os frutos daquela noite de amor. Assim, todos os dias, o animal nada até à ilha onde Sedna está presa, levando nas costas um embornal cheio de alimentos.
O velho pai, desconfiado e enciumado, vigia o cão e descobre o que estava a acontecer. Decide então trocar a comida que ele carrega no embornal por pedras pesadas. O marido cão pula na água, o peso das pedras faz com que ele afunda e morra afogado. Sem alimentos, Sedna decide salvar os filhos, distribuindo-os por dois caiaques: num vão todos os filhos do marido cão que também nasceram com aparência de cachorros. Estes chegam à terra firme e transformam-se nos ancestrais do homem branco. No outro barco vão os filhos de Sedna que nasceram com aparência humana. Estes chegam a terra firme e transformam-se nos ancestrais do povo Inuit.
Tempos depois, arrependido, o velho pai decide resgatar Sedna do seu exílio. Trazida de volta para a aldeia, ela vive triste até que chega um belo estranho… que é nada mais nada menos que o marido pássaro.

Sedna, a mulher esqueleto

Um jovem pescador chegou com o seu caiaque numa região de águas profundas e atirou a rede. Ao puxá-las, sentiu que elas traziam algo grande e pesado. Imaginando tratar-se de um peixe avantajado, puxou com todo o entusiasmo até trazer à tuna uma horrível visão de uma mulher esqueleto. Era o corpo de Sedna, comido pelos peixes e deteriorado pela permanência nas águas abismais.
Apavorado, o pescador pôs-se a remar com toda a velocidade. Entretanto, quanto mais remava, mais rápido o esqueleto era arrastado atrás dele, pois os ossos haviam-se enroscado nas redes de pesca. Chegado à terra, o pescador pôs-se a correr com quantas forças tinha. Como levava com ele a rede, a mulher esqueleto vinha junto, pulando e chocalhando os ossos. O pescador pulou para a sua tenda, achando que ali estava protegido, e levou um enorme susto ao descobrir que o esqueleto entrara com ele.
Conseguindo superar a sensação de pavor, só então o rapaz teve coragem para olhar com mais atenção a mulher esqueleto e descobrir que ela só o seguia porque os seus ossos descarnados estavam enroscados na rede. Então, pela primeira vez o pescador sentiu compaixão por aquela mulher agora transformada num monte de ossos. Aproximou-se, tomou coragem e começou a desembaraçar os ossos dos fios da rede. Aos poucos, libertou todos os ossos do esqueleto e deitou-os cuidadosamente sobre uma confortável pele de urso. Encerrado o trabalho, e percebendo que nada mais podia fazer por aquele esqueleto que um dia fora uma mulher, foi dormir com uma lágrima a escorrer dos olhos.
Acontece que, depois de dormir um tempo imemorial no fundo do oceano, a mulher esqueleto sentiu-se confortável com a pele de urso. Então ela acordou, viu o seu benfeitor a dormir e viu também a lágrima a escorrer-lhe do olho. Como a mulher esqueleto tinha sede, levantou-se e bebeu a lágrima do pescador. E bebeu muito e muito, porque a sua sede vinha de muito longe. Depois percebeu que o pescador fizera comida, e comeu um pouco dela. E como a sua fome vinha de muito longe, ela comeu, comeu e comeu até sentir-se aquecida por dentro. E aos poucos, a carne foi de novo cobrindo os seus ossos, e os seus cabelos cresceram belos outra vez, e o seu corpo foi tomando forma. Quando o pescador acordou, descobriu que uma linda mulher dormia a seu lado. Não é preciso dizer que os dois ficaram juntos desde então, e que jamais faltou boa pesca para ele, pois ela sabia sempre dizer-lhe onde lançar a rede.
Para resumir, é importante ressaltar alguns pontos que são comuns a todas as lendas:

Sedna recusa os pretendentes “normais”, o que acaba levando a uma situação limite: ter de aceitar como marido que nem sequer pertence à espécie humana;
O marido pássaro de Sedna consegue levá-la para a ilha à custa de disfarces, mentiras e promessas não cumpridas;
O pai de Sedna tenta salvá-la, mas na hora em que a moça mais precisa dele, acovarda-se e tenta livrar-se da filha para salvar a própria dele;
Dos dedos de Sedna, cortados em algumas lendas, quebrados ou congelados noutras, nasce toda a vida marinha;
Mesmo traída, triste e abandonada no fundo do mar, Sedna continua a prover a vida do povo na superfície, permitindo que a fauna marinha do Árctico ofereça-se como alimento para os homens. Contudo, Sedna sofre com os desvios humanos. Os seus soluços e a sua inquietação provocam desequilíbrios climáticos e fome;
Só mediante um acto de purificação colectiva, a xamã consegue fazer contacto com Sedna e restabelecer as condições propícias à vida; - contou a Hanna.
- Muito engraçada a lenda! Mas como o que é que Sedna, sendo humana consegue ter filhos de um cão? – interrogou o Hugo.
- Isso é só uma lenda. – respondeu o Alan.
Hugo foi lá fora, fumar um cigarro e depara-se com uns miúdos de cinco anos a brincar aos «imitadores». O chefe colocava os pés na neve e os outros calcavam em cima das suas pegadas.
Foi para dentro, estava muito frio.
- Estão uns miúdos a brincar lá fora. – informou o Hugo.
- Não me diga... Meninos, venham já para dentro. – ralhou a Hanna.
- Está muito frio! – queixou-se o Hugo.
- Se quiser, eu aqueço-o. – sugeriu a Hanna.
- Pode ser. – respondeu o Hugo.
Hanna era uma esquimó com cerca de dezoito anos.
Hugo e Hanna foram para o quarto e fizeram amor acabando por adormecer.
- Meu Deus! Já estou atrasado, tenho de ir a Portugal. – exclamou o Hugo.
- Vai a Portugal fazer o quê? – quis saber a Hanna.
- Negócios, Hanna, negócios. – respondeu o Hugo.
O Hugo vestiu-se e foi tomar o pequeno almoço e viajou no seu avião particular para Portugal.
Hugo chegou a Lisboa e foi directamente à agência de modelos, onde Liliane trabalhava.
- Liliane Pereira? Quero falar com você. É urgente! – pediu o Hugo.
- Quem é o senhor? – quis saber a Liliane.
- Sou o inspector Hugo Faria. – respondeu ele.
- E posso saber o que quer de mim? – perguntou a Liliane.
- Vou lhe explicar tudo. – garantiu o Hugo. – Mas não aqui.
- Então, aonde vamos? – inquiriu a Liliane.
- Deixo isso por sua conta. – respondeu o Hugo.
- Pode ser num restaurante? – questionou a Liliane.
- Claro. – respondeu o Hugo.
- Então vamos... deixe-me arrumar aqui uns papéis e já vamos. – disse a Liliane.
- O.k. – concordou o Hugo.
Foram jantar num restaurante ali perto e Hugo contou-lhe tudo em pormenor. Como já estava farto de repetir sempre a mesma coisa!
- Então? Aceita ser membro dessa nova patrulha? – perguntou o Hugo.
- Vou pensar. – respondeu a Liliane.
- Por favor, aceite. – pediu o Hugo.
- Está bem, mas o que é que eu ganho com isso? – quis saber a Liliane.
- Irá ganhar dinheiro... – disse o Hugo.
- Então, tudo bem. – respondeu a Liliane.
- Bom, amanhã terei de partir para Moçambique, informar outro dos membros da patrulha. – informou o Hugo.
- Pode dormir na minha casa. – abonou a Liliane.
- Obrigado, sim. – agradeceu o Hugo.
Liliane foi para casa na sua Fastbike, levando consigo o Hugo.
- Gosta de andar de Fastbike? – espantou-se o Hugo. – Ah, pois, isso estava na sua ficha... Eu cá não gosto nada, dá-me enjoos.
- Eu cá acho que andar de Fastbike é muito divertido. – discordou a Liliane.
- Bom, estou cheio de sono! – comentou o Hugo.
- Eu também. Vamos dormir. – concordou a Liliane. – Este quarto é para si.
- Obrigado. – agradeceu o Hugo.
Hugo estava fatigado... só de pensar que ainda faltava informar três pessoas ficou todo desanimado.
No dia seguinte, Hugo acordou bem cedo e foi tomar o pequeno almoço na cozinha. Liliane já estava acordada.
- O que é o pequeno almoço? – quis saber o Hugo.
- Leite com cereais. – respondeu a Liliane.
- Bem preciso de energias. Ainda me falta informar mais três pessoas. – anunciou o Hugo.
- Vou trabalhar com estas pessoas? – perguntou a Liliane, apontando para as fotos da nova patrulha.
- Sim. – respondeu o Hugo.
- E como é que os vou conhecer? – inquiriu a Liliane.
- Quando informar todo o pessoal, eu combino um dia para vocês se encontrarem comigo no Brasil, vem umas pessoas lhe pegar... depois dou mais pormenores. – respondeu o Hugo.
- Está bem. Posso ver o teu colar? – questionou a Liliane.
- Claro. – deixou o Hugo.
- É um bocado de coco! – espantou-se a Liliane.
- Sim, é bonito, não é? – perguntou o Hugo.
- Sim, é muito bonito. – concordou a Liliane. – O meu é uma pedra cor de rosa em forma de rectângulo...
- Muito feminino! – comentou o Hugo. – Bom, estou muito atrasado. Vou ao aeroporto apanhar o meu avião particular.
- Quer que o leve ao aeroporto? – inquiriu a Liliane.
- Não, é melhor, não. – respondeu o Hugo. – O meu motorista me leva, ‘tá. Adeus.
- Adeus, inspector. – acenou a Liliane.
Passado algumas horas, o Hugo estava em Moçambique.
Ele e o seu motorista passaram pelo meio da selva, como se tratasse de um safari. Viu elefantes, girafas, zebras, búfalos e hienas.
- Vamos, depressa, tenho medo desses animais. – gritou o Hugo para o motorista.
- É para já, Sr. Inspector. – disse o motorista.
O motorista acelerou a fundo e parou em frente a um hospital em construção. O inspector avistou o Samuel a dar ordens e instruções aos funcionários.
- Samuel Sousa! – exclamou o Hugo.
- Quem és tu? – quis saber o Samuel.
- Sou o inspector Hugo Faria, muito prazer. – apresentou-se.
- É português? – perguntou o Samuel.
- Não, eu sou brasileiro. – respondeu o Hugo.
- Do Brasil? És do Brasil? Terra do café, do samba, da caipirinha e das gajas boas? – inquiriu o Samuel.
- É isso aí, rapaz. – abonou o Hugo. – Bom, eu gostaria de falar com o senhor sobre um assunto particular...
- Está bem. Diz lá o que tens para dizer que eu ‘tou com pressa. – disse o Samuel.
Hugo explicou tudo o que tinha a explicar e no fim questionou:
- Quer fazer parte da nova patrulha?
- Pode ser. – concordou o Samuel. – Vá, acabou tudo por hoje, vamos todos para casa.
- Ui, hoje o trabalho foi duro! Com tanto sol e tão pouca água...
- Tu ‘tá calado, ‘co patrão não gosta de malandragem... – disse outro trabalhador.
- Tu tem razão, vou-me calar e é já, pois ele ‘tá ouvindo. – disse o outro.
- Preguiçosos! – comentou o Samuel.
- Ainda bem que você é trabalhador... – desabafou o Hugo.
- Nasci para trabalhar. – disse o Samuel. – Quer fazer um safari?
- Bem, eu tenho medo desses bichos da selva e...
- Eles não fazem mal, quer dizer... fazem; mas vamos de jipe. – disse o Samuel.
- Bem, se me garante segurança, eu vou. – disse o Hugo.
- Boa! – exclamou o Samuel.
Hugo, Samuel e outros moçambicanos andaram de jipe pela selva. Viram muitos animais, entre os quais: girafas, elefantes, hienas, zebras, gazelas, hipopótamos, tigres, leões, búfalos, etc.
No final da visita à selva, Hugo exclama:
- Maravilhoso! África tem imenso mistério!
- Claro que tem, por isso é que gosto de viver aqui. Não é por acaso que Moçambique é conhecido como “A Jóia de África”.
- Pois...
- Deves estar com fome... ou sono...
- Sim, é verdade. Este safari me deu fome e sono! – disse o Hugo.
- Vamos já comer. Espera um bocadinho enquanto vou cozinhando.
Enquanto o Samuel cozinhava batata cozida com carne de búfalo, Hugo aproveitou para mandar um e-mail ao chefe.


- O jantar está pronto. – chamou o Samuel.
- ‘Tá tudo muito gostoso, parabéns! – elogiou o Hugo.
- Obrigado. – agradeceu o Samuel.
Depois do jantar, Hugo foi deitar-se.
No dia seguinte acordou e foi tomar o pequeno almoço.
- Vou para a Austrália. – informou o Hugo.
- Fazer? – quis saber o Samuel.
- Vou informar um dos membros da patrulha, Doug Timberlake. – explicou o Hugo.
- Que sorte! Eu nunca saí de Moçambique! – espantou-se o Samuel.
- Não se preocupe, porque quando esta patrulha entrar em acção, você vai ficar farto de tanto viajar e conhecer tanto país. – disse o Hugo.
- Que bom! Estou ansioso. – exclamou o Samuel.
- Só nesta semana fui aos Estados Unidos, à Gronelândia, a Portugal, a Moçambique, hoje vou à Austrália e amanhã vou ao Japão. – informou o Hugo.
- Isso é o máximo! Deve ser óptimo conhecer novos países, novas culturas...
- É muito bonito, mas cansa e bastante. Quando começar a viajar, só vai querer voltar a sua casa e descansar... – discordou o Hugo.
- Está com saudades do Brasil? – perguntou o Samuel.
- Se estou? Claro, rapaz! Quem me dera estar em casa a descansar e a beber um café, ou uma caipirinha, ou um conhaque, ou um batido de coco ou outro suco qualquer. Também ‘tou com saudades das praias do Rio e das garotas!... – desabafou o Hugo.
- Posso saber quem são os membros da patrulha? – inquiriu o Samuel.
- Claro que pode. – deixou o Hugo.
Hugo estendeu-lhe as fichas com as respectivas fotos e características.
- Essa tal de Liliane é muito bonita! – exclamou o Samuel.
- Pois é! – concordou o Hugo.
Ouve-se um toque de buzina lá fora.
- Bom, tenho de me ir embora, o meu motorista está à minha espera p’ra me levar ao meu avião particular...
- Avião particular? Mas isso é esplendido! – espantou-se o Samuel.
- Quando você for membro da patrulha também vai usar um avião particular...
- Estou tão emocionado! Quando é que vamos entrar em acção? – quis saber o Samuel.
- Em princípio, depois de amanhã. Vem umas pessoas para vos vir buscar pró Brasil e...
- Boa! – entusiasmou-se o Samuel.
Ouve-se mais três apitadelas.
- Tenho que me ir embora, ‘tou mesmo atrasado... Adeus, até breve. Fica bem, ‘tá? Se cuide. – despediu-se o Hugo.
- Adeus, inspector Hugo Faria. – despediu-se o Samuel.
Hugo entrou no carro e passado dez minutos estava na pista de aviões e dirigiu-se ao seu avião particular da Air Brazil, rumo à Austrália.
Chegou à Austrália e foi para a praia preferida dos surfistas. Tinha a certeza que encontraria lá o Doug.
Encontrou o Doug a surfar no mar com outros colegas.
Hugo esteve a admirar a partida. Doug era um óptimo surfista!
Depois de surfar, Doug foi a uma barraca comer um gelado.
- Voltei a ganhar-te, Usher... desiste. – comentou o Doug.
- Como sempre... ah, e como sempre, Sean ficou em último lugar... desiste, meu. Tu não consegues ganhar nada, é melhor veres outro desporto que tenhas jeito... deixa-me cá ver... assim de repente, não vejo nenhum... – gozou o Usher.
- Não vais começar, pois não? – criticou o Doug.
- Eu gosto de surfar e isso é o que interessa. – disse o Sean.
- É que gosto muito de gozar contigo, Sean... és um cromo! – riu-se o Usher.
Doug deu-lhe uma chapada na cara e Sean começou a chorar.
- Porque é que me bateste, pá? – quis saber o Usher, a esfregar a cara com a mão.
- Para estares calado, tu já sabes que o Sean começa a chorar. – respondeu o Doug.
- Bebé chorão...
- Bebé chorão? Ele não tem culpa de ser mais sensível que nós... – criticou o Doug. – Se não o entendes e não o aceitas tal como é, é porque tu não és um verdadeiro amigo... – Doug foi interrompido por uma salva de palmas.
- Muito bem, rapaz! Gostei muito de seu discurso! – exclamou o Hugo.
- Quem és tu? – perguntou o Doug.
- Eu sou o inspector Hugo Faria, muito prazer. – respondeu ele. – Preciso falar com você imediatamente.
- Sobre o quê? – interrogou o Doug.
- Sobre um assunto particular. – disse o Hugo.
Hugo e Doug falaram durante meia hora e o seu grupo de amigos já estava a ficar preocupado.
- Então, aceita ser membro dessa nova patrulha? – questionou o Hugo.
- Claro. – respondeu o Doug.
- As praias da Austrália são parecidas com as do Brasil...
- Tu és brasileiro? – inquiriu o Doug.
- Sim. – respondeu o Hugo. – Quer ver as fotos dos seus novos colegas?
- Claro que sim. – disse o Doug.
Hugo mostrou-lhe as fotografias.
- A Liliane é muito bonita! – surpreendeu-se o Doug.
- Pois é! – concordou o Hugo.
- Sabe, eu conheço uma rapariga muito bonita, a Alicia, é ruiva de olhos verdes cheia de sardas... Só que ninguém conseguiu conquistá-la... – informou o Doug.
- Mas que gatinha! – espantou-se o Hugo. – Onde está ela? Quero conhecê-la.
- Está ali, sentada na areia... está a ver aquela rapariga ruiva a pôr o protector solar nos braços? – perguntou o Doug.
- Hum, hum... – disse o Hugo.
- É ela. – respondeu o Doug.
- Muito bonita, sim senhor... Puxa, está imenso calor! – exclamou o Hugo.
- Está com calor? – interrogou o Doug.
- Sim, mas no Brasil é ainda mais quente! – informou o Hugo.
- Vamos fazer um negócio? – inquiriu o Doug.
- Que negócio? – quis saber o Hugo.
- Eu dou-lhe o gelado que quiser se conseguir conquistar o coração da Alicia, mas aviso-o já: não vai conseguir... mas se quiser tentar, faça o favor... – disse o Doug.
- Tudo combinado. Doug, não se esqueça que eu quero dois gelados: um Magnum de amêndoa para mim e um Magnum de chocolate e caramelo para ela. – disse o Hugo.
- Mas se não conseguires, serás tu a comprar esses gelados para mim. Porque eu aposto que não vais conseguir. – apostou o Doug.
- Apostado, companheiro; e é você que vai perder. – assegurou o Hugo.
Hugo foi ter com a Alicia e pergunta:
- Precisa de ajuda para colocar o protector solar?
- Não, obrigada. – respondeu ela, de maus modos.
- Mas deve precisar de ajuda para pôr nas costas e como a sua pele é muito branca vai precisar de protector nas costas, ainda apanha câncer de pele... – começou o Hugo.
- Está bem, ajuda-me lá... espera aí, eu não te conheço... quem és tu? – quis saber a Alicia.
Hugo desamarrou o biquini de Alicia e pegou no frasco de protector solar, borrou a mão de creme e espalhou-o nas costas dela.
- Sou o inspector Hugo Faria. Sou brasileiro. – respondeu ele.
- Ah... eu chamo-me Alicia Knowles. – respondeu ela.
- Bonito nome! – exclamou o Hugo.
- Tem a certeza que só veio ajudar-me a pôr o creme nas costas? – inquiriu a Alicia.
- Bem...ham... bem... não. – disse o Hugo. – Eu reparei no quanto a menina é bonita e resolvi tentar conhecê-la melhor...
- Bem, já percebi tudo, seu preto. Tu queres engatar-me para depois fazeres sexo comigo. – gritou a Alicia.
- Não é nada disso, pele de açúcar. É que eu fiz uma aposta com o Doug em como a conseguia conquistar e em troca os dois comeremos gelados pagos por ele. – explicou o Hugo.
- Ah, já me devia ter dito isso antes... sabe, o Doug deixou-me pendurada uma vez e eu estou a pensar em vingar-me... NENHUM HOMEM DEIXA A ALICIA KNOWLES PENDURADA. – berrou a Alicia. – Qual vai ser o meu gelado?
- Magnum de caramelo. – respondeu o Hugo.
- Como adivinhou que o meu gelado preferido é o Magnum de Caramelo? – quis saber a Alicia.
- Vi logo. – respondeu o Hugo.
- Hum, mas que rapaz tão interessante e sensível! Quem me dera que todos reparassem em mim... – exclamou a Alicia.
- Mas é tão bela!? – admirou-se o Hugo.
- Talvez... tu também és bonito. Desculpa eu ter-te chamado «preto». – desculpou-se a Alicia.
- Obrigado, princesa. – agradeceu o Hugo. – Eu não conheço nada da Austrália, e como me vou embora amanhã, não me pode mostrar o que esse país tem de belo? – perguntou o Hugo.
- Claro que sim, mas só depois de nadarmos no mar... sabe nadar, não sabe? – inquiriu a Alicia.
- Claro que sei, no Brasil o que não falta são praias! – exclamou o Hugo.
Alicia e Hugo nadaram no mar e comeram os gelados pagos pelo Doug, e este ficou furioso, assim como todos os outros rapazes da praia.
- Gostei muito de te conhecer, Hugo. És o melhor homem do mundo! – surpreendeu-se a Alicia.
- Ena! Obrigado! – agradeceu o Hugo. – Ei cara, você ‘tá vendo como sou atraente! - dirigindo-se a Doug.
Hugo e Alicia foram para um bar junto da praia onde beberam um conhaque e um whisky.
- Vem a minha casa. – pediu a Alicia, toda bêbeda.
- ‘Tá bem. – aceitou o Hugo, igualmente todo bêbedo.
Alicia levou o Hugo para casa dela e beberam uma garrafa de champanhe, agora é que estavam mesmo bêbedos... e sem darem por si, fizeram amor no sofá da sala.
Quando o Hugo se levantou, é que deu conta do que tinha acontecido. Nesse mesmo instante, Alicia, ao sentir falta do calor de Hugo, acordou.
- Meu Deus, me desculpa, a gente ‘tava bêbedo, a gente não sabia o que ‘tava fazendo... – Hugo foi interrompido pela Alicia.
- Desculpar, de quê? Foi tão bom! Mas que sensação óptima! – exclamou a Alicia.
- A sério?! Gostou? Isso é o que todas dizem... será que tenho um dom especial? – interrogou o Hugo.
- Acho que sim. – respondeu a Alicia.
- Bom, hoje estou de partida para o Japão. – desabafou o Hugo.
- Oh, que pena... será que nos voltaremos a encontrar? – questionou a Alicia.
- Espero bem que sim, vou morrer de saudade de você... – disse o Hugo.
- Eu também. – concordou a Alicia. – Vou preparar-te o pequeno almoço.
O pequeno almoço foi leite com café e pão com doce de morango.
Hugo foi vestir-se e telefonou ao seu motorista para o vir buscar, ditando a morada.
Alicia deu um beijo na boca de Hugo e abraçaram-se com carinho.
Hugo teve de esperar uma hora e meia pelo motorista, pois este estava de ressaca de ontem à noite por tanto beber e andar em bordéis e além disso não conhecia Sydney.
- Bom, até mais ver. – despediu-se o Hugo.
- Adeus e boa viagem! – desejou a Alicia, com uma lágrima no canto do olho. Nunca nenhum homem a tinha feito sentir mulher.
Hugo viajou no seu avião particular e exclamou:
- Só falta mais este!
Chegado ao Japão viu um modo de vida muito diferente do que estava habituado.
Tóquio era uma cidade muito desenvolvida, com grandes televisores fixados nos grandes edifícios onde estava a dar um programa sobre as artes marciais.
Avistou o Pui-li com um grupo de amigas atrás. Dirigiu-se até ele e informou:
- Sou o inspector Hugo Faria, preciso de falar urgentemente com você.
- Se pensas em prender o Pui-li, arrancamo-te o sebo. – disse a Shinobu.
- Não se preocupem não tem nada a ver com isso, o assunto que quero tratar com ele... – respondeu o Hugo.
- Ainda bem. – interrompeu a Sakura.
- Então do que se trata? – inquiriu o Pui-li.
- É um assunto que só lhe diz respeito, portanto é particular. – anunciou o Hugo.
- O.k. vamos àquele café e conversamos os dois. – decidiu o Pui-li.
Hugo e Pui-li conversaram durante meia hora.
- Aceita ser membro da nova patrulha? – questionou o Hugo.
- Por mim tudo bem, desde que os meus animais e as minhas plantas sejam tratados. – disse o Pui-li.
- Ouça, isso é por sua conta, você dá esse cargo à pessoa que pensa ser a mais correcta. – aconselhou o Hugo.
- Sim, vou dar esse cargo à Myuki, ela gosta muito dos meus cães e dos meus bonsais. – concordou o Pui-li.
Saíram do café e as raparigas perguntaram:
- O que é que ele queria?
- Perguntou-me se queria ser membro de uma nova patrulha e eu aceitei... – respondeu o Pui-li.
- Quer dizer que vais ser um agente secreto? – interrogou a Man Po.
- Sim...
- E vais estar sempre a viajar? – inquiriu a Shizuka.
- Sim...
- E os teus cães, o teu trabalho e os teus bonsais? – quis saber a Myuki.
- Serás tu a trata-los. – respondeu o Pui-li.
- A sério?! Que bom! – entusiasmou-se a Myuki.
- Sim.
- Bom, eu gostaria de conhecer Tóquio, será que posso passear com vocês? – perguntou o Hugo.
- Claro que sim. – respondeu o Pui-li.
- Que bom! – exclamou o Hugo.
- É de onde? – quis saber o Pui-li.
- Sou do Brasil. – respondeu o Hugo.
- Belo país! – admirou-se a Sora.
- Pois, eu também acho. – concordou o Hugo.
Riram-se todos.
- Vamos ao bar? Já são meia noite e quarenta. – sugeriu o Pui-li.
- Vamos pois. – concordou o Hugo.
O bar estava decorado com motivos orientais, mas a música era do Ocidente. Hugo ficou deslumbrado com o licor de arroz e com o Sake.
Man Po e Sakura resolvem ir até ele.
- Gostou do licor de arroz e do Sake? – perguntou a Man Po.
- Sim. – respondeu o Hugo.
- O Brasil é um paraíso, não é? – inquiriu a Sakura.
- Sim, para os criminosos é o sítio ideal. – disse o Hugo.
- Oh! – exclamaram as duas.
E continuaram a conversar durante uma hora e estavam os três embriagados.
Saíram do bar a cantar e a cambalear. Man Po levou o Hugo e a Sakura para sua casa e Hugo acabou por fazer amor com as duas ao mesmo tempo. Elas estavam espantadas e ele também. Tinha sido uma noite em grande. Pela primeira vez, elas esqueceram o Pui-li e isso era fantástico, pelo menos para elas, pois estavam fartas de amarem tanto e esse amor não ser correspondido.
De manhã, Hugo telefonou ao chefe e ao inspector Mendes para informar que já tinha informado todos os membros da patrulha. Pediu ao Mendes para mandar vir dez homens, dois para cada país para virem buscar os novos agentes e levá-los para o Brasil e hospedá-los num hotel de luxo.
O inspector Hugo despediu-se das meninas e foi buscar o Pui-li a casa para levá-lo ao Brasil. Só que Pui-li demorou tanto tempo a despedir-se de Taichi e Izumi, os seus cães.
- Vamos, homem, seja forte. – disse o Hugo.
Só depois de Myuki ter assegurado que ia dar de comer aos cães duas vezes por dia e regar os bonsais todos os dias é que conseguiu ir-se embora.
E lá foram os dois num avião particular para o Brasil onde Pui-li foi hospedado num hotel de luxo e depois foram almoçar feijão preto com picanha e sumo de manga.

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