domingo, fevereiro 05, 2006

Capítulo 15

A origem dos mutantes

Os Pequenos Grandes Heróis encontravam-se a tomar o pequeno-almoço, quando o telemóvel de Samuel começou a tocar:
- São os cientistas! – exclamou ele.
- Atende, atende!! – entusiasmaram-se todos.
- Sim... – começou o Samuel.
- Nós somos do Centro de Investigação da África do Sul e já temos os resultados: a água do mar da praia Barreira Negra tem produtos altamente tóxicos, que podem desfigurar qualquer ser vivo que fique muito tempo nessa água. Encontramos no mutante e nos peixes várias substâncias tóxicas, nomeadamente: dióxido de enxofre e óxidos de azoto. O mar tem uma acidez tal, que não permite nenhuma existência de seres vivos nas suas águas e conseguimos identificar o pH e ficamos chocados: o pH é dois!!! – informou uma cientista.
- Então, os peixes e a rapariga tiveram deformações devido à acidez das águas do mar? – inquiriu o Samuel.
- Sim. – respondeu a cientista.
- Vamos já descobrir a presumível causa da acidez do mar. – assegurou o Samuel.
- Estes ácidos são geralmente provocados por chuvas ácidas, mas não há assim tantas fábricas e carros para haver tamanha poluição... – declarou a cientista.
- Eu acho que há mão criminosa neste mistério. – opinou o Samuel.
- Também acho. O melhor é descobrir-mos quem são esses criminosos antes que seja tarde de mais... – concordou a cientista. – Adeus e boa sorte!
- Obrigado e adeus! – despediu-se o Samuel.
Samuel informou os restantes membros da patrulha e foram a caminho da Praia Barreira Negra.



- Está tudo a correr como eu quero! – exclamou o cientista Júlio, esfregando as mãos de felicidade.
- Como assim? – interrogou a Augusta.
- Eu poluí aquele mar estúpido da praia Barreira Negra com produtos altamente tóxicos que destruem qualquer forma de vida. – respondeu o Júlio. – Ai minha querida Augusta, já te disse que te adoro?
- Não. – respondeu a Augusta. – Mas porque é que o senhor está a fazer uma coisa destas?
- Eu lembro-me que quando era pequenino, eu estive quase a morrer afogado, porque o meu pé ficou preso a uma alga estúpida... – respondeu o Júlio, cheio de ódio.
- Não acha que está a exagerar em querer destruir tudo o que o fez sofrer? – perguntou a Augusta.
- Não, sua estúpida. – gritou ele, furioso.
- Mas a vida não é um mar de rosas... – continuou a Augusta. – Tem que se sofrer para crescer! Até rimei!!
- Cala-te, sua estúpida! – ordenou o Júlio. – Não percebes de nada desta vida estúpida! É por causa das coisas estúpidas da minha vida estúpida, que eu estou a fazer estas coisas estúpidas. Percebeste, sua estúpida?
- Sim. – respondeu a Augusta, farta de ele lhe chamar estúpida.
- A sua vida não deve ter sido tão má... Já teve alguma namorada? – questionou a Augusta.
- Não, sua estúpida! – respondeu o Júlio. – A minha vida foi, é e sempre será estúpida. Eu nunca conseguirei arranjar nenhuma namorada estúpida. Percebeste, sua estúpida? Percebes porque é que eu odeio esta vida estúpida? Percebes porque é que estou a fazer coisas estúpidas contra a vida estúpida de um grande estúpido que vive num mundo estúpido e que tem um trabalho estúpido, sua estúpida?
Augusta suspirou. As palavras: «estúpida», «estúpido», «estúpidas», «estúpidos» e «estupidez» eram os únicos insultos que Júlio proclamava.


- Mas o que é aquilo? – inquiriu o Samuel, referindo-se a um edifício velho perto da praia.
- Deve ser uma casa de férias abandonada. – opinou o Doug.
- Vou investigar. – decidiu o Samuel.
- Não sejas parvo, é impossível esta casa ter alguma coisa a ver com a poluição do mar... – tentou fazer ver, a Liliane. – É só uma casa velha e abandonada.
- Tens razão. – concordou o Samuel. – Sou eu que estou a delirar.
- Não estou a ver nada de suspeito! – comentou o Alan.
- Nem eu! – desolaram-se todos.
- Vamos embora! – suspirou o Jimmy, tristemente. – Nunca iremos encontrar nada de suspeito...
- Se calhar a poluição foi mesmo causada pelas chuvas ácidas e estamos para aqui a delirar que alguém tem culpa... – acrescentou o Samuel.
- Vamos mas é embora daqui, que já é hora do almoço. – disse o Doug.
- Podemos almoçar num restaurante! – sugeriu o Alan.
- Boa ideia! – apoiaram todos.
- Depois podemos ir visitar o Pui-li. – sugeriu a Liliane.
- Estás sempre a querer visitá-lo! Hoje não vamos. – resmungou o Samuel.
- Porquê? – quis saber a Liliane.
- Ele precisa de descansar. – respondeu o Samuel. – Gostas assim tanto dele ao ponto de querer visitá-lo todos os dias?
- Não... – engasgou-se a Liliane. – Se eu estivesse no lugar dele gostava de receber visitas todos os dias...
- Está bem, depois vamos visitá-lo. – aceitou o Samuel.
Liliane não conseguiu conter um sorriso de felicidade.
Os Pequenos Grandes Heróis foram a caminho do restaurante e não ouviram a enorme gargalhada vinda da casa abandonada. Se eles soubessem que o palpite do Samuel estava certo... mas já é tarde de mais, ou... será que não?

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