domingo, fevereiro 05, 2006

Capítulo 10

A lei de sobrevivência na selva

Acordaram cheios de dores pela desagradável posição em que dormiram.
- Acordem, acordem! – gritou a Liliane.
Liliane não conseguira pregar olho na noite passada. Nunca na sua vida pensou dormir no meio da selva.
- Cala-te, nós queremos dormir. – protestou o Doug.
- Mas já é dia, temos de ir procurar as nossas cabanas. – disse a Liliane.
- A Liliane tem razão. – concordou o Igor.
Embrenharam-se na selva mais uma vez. Jimmy acendeu o computador com esperança de ele funcionar.
O que foi mesmo de estranhar foi ele ter funcionado e ter conseguido entrar na Internet sem interferências.
- Já sei onde estamos! – anunciou o Jimmy.
- Onde?! Onde?! – quiseram saber todos.
Jimmy mostrou a área e procurou o local das cabanas e encontrou esse tal local.
- Para chegarmos às tendas, temos que ir sempre a direito. – informou o Jimmy.
Igor pôs o pé no acelerador.
- Agora vira à direita.
Igor virou o jipe na direcção apontada.
Passaram por uma manada de búfalos.
- Agora vira para a esquerda...
Igor acelerou e sem querer atropelou um leão bebé.
- Igor, atropelaste um leão bebé! – horrorizou-se o Pui-li.
- O que querer que eu faça? – perguntou o Igor.
- Ele vai morrer... pára já o jipe. – ordenou o Pui-li.
- Para quê? – questionou o Igor, sem entender.
- Deixa-te de perguntas e pára o jipe. – mandou o Pui-li.
Igor parou o jipe, sem perceber o que o Pui-li queria. Aliás, estavam todos espantados com a reacção dele.
Pui-li saltou do jipe com a mala de primeiros socorros na mão e foi a correr para ao pé do leão bebé.
O pequeno leão gemia de dor. Estava cheio de sangue; à beira da morte... mas para Pui-li nunca era tarde demais. «Se nós nunca lutarmos pela vida ela abandona-nos.» Era o que costumava dizer aos seus colegas veterinários. Para Pui-li ver um animal quase a morrer e por ele nada fazer era a pior coisa que jamais poderia imaginar. Ele amava todos os bichos.
Pui-li enrolou a pata esquerda da frente com gaze e desinfectou-a com água-oxigenada. O pequeno leão não manifestou afecto pelo seu ajudante, mas como estava ferido não se podia defender.
- Vamos levá-lo connosco. – pediu o Pui-li.
- Estás doido? Ele é um animal selvagem... – contrariou o Alan.
- Mas está ferido... – abonou o Pui-li.
- Podes levá-lo, mas és tu que vais tomar conta dele. – disse o Samuel.
- Sim, é isso mesmo que estava a pensar fazer. – disse o Pui-li.
Pui-li pegou no leão bebé e este tentou mordê-lo, mas Pui-li impediu-o, desviando a boca do animal.
Levou-o ao colo e Doug comentou:
- O animal até é engraçado!
- Gostei da maneira como tentaste ajudar o leão bebé! – admirou-se a Liliane.
- Gosto muito de animais! Se não gostasse de animais não podia ser veterinário. – disse o Pui-li.
- És veterinário? – espantou-se a Liliane.
- Sim. – respondeu o Pui-li.
Liliane nunca pensou que aquele rapaz otário e cínico pudesse ser veterinário e muito menos ter salvo a vida a um animal selvagem.
Igor acabou por sentir compaixão pelo pequeno animal indefeso e achou o que o Pui-li tinha feito era um acto nobre e de muita coragem (pois não é toda a gente que é capaz de se chegar a um animal selvagem como um leão)!
- Estamos quase a chegar! – entusiasmou-se o Jimmy. – É só virar à direita...
Jimmy deu um berro.
Todos ficaram a olhar para ele incrédulos.
- O que se passa? Viste um mutante? – questionou o Igor.
Jimmy não conseguiu responder, foi quando ouviram um rugido feroz.
- Uma leoa! – gritaram todos.
- Deve ser a mãe do leão bebé! – achou o Alan.
- Dá-lhe o leão. – berrou o Samuel.
- Não, ele está muito ferido. Se eu não tratar dele, ele morrerá... – discordou o Pui-li.
- Mas a mãe quer o seu filho de volta, Pui-li... – tentou fazer ver a Liliane.
A leoa soltou mais um rugido feroz e tentou subir o jipe.
Gritaram todos.
- Agarrem-se bem! – gritou o Igor, pondo o pé no acelerador.
- Vira à direita, vira à direita! – ordenou o Jimmy.
A leoa continuava a persegui-los com imensa fúria, pois estavam a levar o seu filho para longe dela.
Embrenharam-se na floresta e acabaram por despistar a leoa, mas o jipe parou bruscamente.
- Não temos gasolina!!! – exclamou o Igor, horrorizado.
- O quê? – indagou-se a Liliane. – EU NÃO QUERO ESTAR AQUI NEM MAIS UM SEGUNDO!
- Só há uma solução: ir a pé. – respondeu o Igor.
- Mas fica muito longe e tem animais selvagens... – contrariou a Liliane.
- Fazemos algumas paragens para descansarmos e levamos as espingardas caso a leoa ou outro animal selvagem qualquer quiser atacar-nos. – disse o Samuel.
- Tenho medo!... E se aparece outro mutante? – inquiriu a Liliane.
- Fazemos tal e qual como se fosse uma fera. – respondeu o Samuel. – Ainda temos esse mutante para levar ao centro de investigação na África do Sul.
Pegaram nas espingardas e noutros objectos, no mutante e no leão bebé e aventuraram-se pela selva a pé.
Ouvia-se o som de macacos a saltar de árvore em árvore e a soltar sons estridentes.
Caminharam por longas horas e Liliane pediu para descansarem um bocado.
Pararam para retomar energias, quando aparece a leoa mais furiosa que nunca. Soltou um rugido selvagem e assustador.
Lançou-se a eles num salto atingindo o Pui-li, rasgando-lhe as roupas e a morder-lhe no braço. Pui-li acabou por largar o leão bebé, mas a leoa estava disposta a vingar-se.
Liliane estava aos berros pedindo ajuda e Samuel deu um tiro certeiro na leoa e acabou por abatê-la.
Pui-li pegou no leão bebé e tomou-o nos braços.
- Que dor! – suspirou o Pui-li.
- Demoraram tanto tempo... – indignou-se a Liliane.
- Desculpa, é que estávamos distraídos a ver o mapa. – explicou o Samuel.
- Foi uma cena horrível! – chorou a Liliane, traumatizada.
- O Pui-li está ferido é melhor tratarmos das feridas... – disse o Alan.
Desinfectou-lhe as feridas com água-oxigenada e pôs gaze no braço do Pui-li.
- Vai ter de ir ao hospital fazer os pontos, a sua pele está rasgada. – observou o Alan.
Pui-li lacrimejou e Liliane ficou horrorizada com a gravidade da situação.

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