domingo, fevereiro 05, 2006

Capítulo 16

Uma fascinante descoberta

Depois de almoçarem no restaurante foram visitar o Pui-li ao hospital.
- Estás melhor? – perguntou o Samuel.
- Sim. – respondeu o Pui-li. – Já fiz os pontos do braço e estou a tomar analgésicos para as dores.
- O que é que o médico disse da ferida? – quis saber a Liliane.
- Disse que estava muito feia, mas ia recuperar bem. – respondeu o Pui-li. – E acrescentou que eu tive sorte em não apanhar raiva.
- Bolas! Além de malária, raiva? Coitado de ti! – exclamou o Doug. – Mas era engraçado ver o Pui-li a espumar da boca!
- Não tinha graça nenhuma. – contradisse o Pui-li.
- Já acabou a hora das visitas. – informou a enfermeira, mal-encarada.
- Mas que enfermeira antipática! – exclamou a Liliane.
- Para mim é muito simpática. – contrapôs o Pui-li.
Liliane olhou a enfermeira de lado.
- Vamos embora! – disse o Jimmy. – Temos de investigar o caso dos mutantes.
- Sim, vamos. – concordou a Liliane, olhando outra vez a enfermeira de lado.
Desta vez quem olhou de lado para a Liliane foi a enfermeira. As duas cruzaram um olhar fulminante.
- Adeus, Pui-li, fica bem! – desejaram todos.
- Obrigado! – agradeceu o Pui-li.
Quando todos se foram embora, inclusive a Liliane, a enfermeira ficou radiante e começou a conversar com o Pui-li:
- Quem é aquela rapariga que está sempre a visitar-te com aqueles rapazes todos? É tua namorada?
- Não! – riu-se o Pui-li. – É só uma colega, nem sequer somos muito amigos...
A enfermeira de nome Salomé ficou muito contente.
- Acha-la bonita? – inquiriu a Salomé.
- Sim. – respondeu o Pui-li.
Salomé remoeu de inveja.
- Acha-me bonita? – questionou ela.
- Sim... – mentiu o Pui-li.
Salomé era uma angolana muito gorda com cerca de doze anos.
Salomé ficou radiante:
- Preferias namorar comigo ou com ela?
Pui-li ficou estupefacto com a pergunta e resolveu não responder.
- O que achas dela? – interrogou a Salomé.
- Acho-a bonita, mas é estúpida, egoísta, sem sentimentos, parva e é a rapariga com o pior carácter que conheço. – mentiu o Pui-li.
O coração de Salomé encheu-se de alegria. Cada adjectivo dito pelo Pui-li punha-a mais feliz e encheu-se de esperança. Afinal, ele disse que a achava bonita e chamou nomes àquela rapariga hipócrita e reles que ela tanto odiava desde o primeiro dia que pôs os olhos nela.
Mas a Pui-li nunca lhe passaria pela cabeça o que a Salomé estava a pensar e andava alheio à sua felicidade e esperanças de o conquistar.


- Acho melhor investigar-mos à noite. – opinou o Alan. – Pois as ocorrências surgem sempre à coca da noite.
- Tens razão. – concordou o Samuel.
À noite, os Pequenos Grandes Heróis foram à praia Barreira Negra e não viram nada de estranho.
Esconderam-se atrás de uns arbustos a espiar. Foi quando ouviram alguém falar:
- Não foi uma óptima ideia estúpida, minha estúpida? – questionou o Júlio.
- Sim, chefe estúpido. – arriscou a Augusta.
Júlio encheu-se de raiva e deu-lhe um valente estalo que a deixou atordoada.
- Ninguém me chama estúpido, ouviste sua estúpida? – rosnou o Júlio.
- Ouvi sim, chefe... – respondeu a Augusta.
- Muito bem, vamos ver como está o nosso plano estúpido. – disse o Júlio.
-“Nosso” plano, não. – desdisse a Augusta. – “Seu” plano.
- Cala-te, estúpida! – ordenou o Júlio. – Tu e eu é que fizemos este estúpido plano.
Saíram da casa e foram mirar o mar, estava como Júlio queria, azul e límpido, mas poluído.
- Quero ver se isto funciona mesmo. – atalhou o Júlio.
- Como? – interrogou a Augusta.
Júlio pegou nela ao colo e atirou-a para o mar.
- Socorro, socorro! – gritou ela.
Os Pequenos Grandes Heróis saíram do esconderijo e deram uma valente cacetada no Júlio, que ficou inconsciente e tentaram salvar a Augusta.
Augusta olhou para a sua mão e para espanto desta, estava a fazer bolhas e a crescer pêlos.
- Ajudem-me, ajudem-me! Não quero tornar-me num mutante! – gritava ela.
Samuel pegou no telemóvel e pediu ajuda aos bombeiros e à polícia.
Quando os bombeiros chegaram, resgataram a Augusta, mas já era tarde de mais: Augusta já se tinha transformado em mutante.
- Isto é horrível! – exclamou a Liliane.
- Vocês têm alguma coisa a ver com isto? – quis saber o Samuel.
- O Júlio é que é o culpado. – disse a Augusta.
- Vamos levá-lo á esquadra e julgá-lo em tribunal, mas a senhora também vai ter que depor, pois também estava com ele. – disse o Samuel.
Augusta baixou o olhar, muito triste. Tinha também um pouco de culpa, apesar de nunca concordar com as ideias do cientista português: Júlio, “O Estúpido”. Foi forçada a fazê-lo por dinheiro e emprego. Júlio também matá-la-ia se ela dissesse alguma coisa ou não fizesse o que ele quisesse, mas agora já não tinha medo de morrer, pois tinha-se transformado num mutante por culpa daquele cientista maluco.
A polícia levou-a para o carro de patrulha e Júlio já tinha acordado entretanto.
- Mas que estupidez se está a passar? – quis saber o Júlio.
- Foi apanhado e agora vai ter de depor na esquadra. – respondeu o Jimmy.
Júlio nem queria acreditar que os seus planos «estúpidos» não tinham dado certo.

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