sábado, janeiro 14, 2006

Capítulo 10

Uma Enorme Tempestade

No dia seguinte, os alunos acordaram mais tarde, pois não tinham aulas. Foram tomar o pequeno almoço.
- Bom dia, meninos. Para combater as tristezas de ontem, propus fazermos um piquenique e fazermos um acampamento. – informou o director Benjamin Taylor. – Que tal?
Os alunos aplaudiram contentíssimos.
E como combinado, os alunos foram lá fora, nadaram na piscina e quando preparavam-se para o piquenique, começou a chover torrencialmente, raios e trovões.
- Toca a ir para dentro. – ordenou o professor Benjamin.
- Estava tão bom tempo... agora está a chover..., que estranho!
- Que maçada!
- Tanta trovoada!
- A chuva está tão forte, que até aleija!
- Trovoada! Que medo!
- E eu que queria tanto acampar, nadar e tomar uns banhos de sol...
Essas eram muitas das críticas dos alunos.
Já dentro do colégio, o director anuncia:
- Agora que não podemos fazer o piquenique nem acampar, vamos comer aqui dentro. Quem quiser pode ir à biblioteca, à sala de convívio ou ao ginásio, estão á vontade. Também queria informar os alunos que depois do jantar vamos contar histórias de terror à volta da fogueira, quem quiser participar pode participar...
- Boa! – gritaram de alegria, os estudantes.
Andy e Alanis foram para a biblioteca.
- Tu és irlandesa. O teu pai é inglês e a tua mãe é finlandesa. Como é que eles se conheceram? – quis saber a Alanis.
- O meu pai foi de negócios para a Finlândia; o meu pai é chefe de uma empresa de calçado em Londres e a minha mãe é filha de um dono de uma fábrica de têxteis em Helsínquia.
O meu avô apresentou a filha ao meu pai e ele ficou encantado com a beleza da minha mãe!... Começaram a conversar, viram que tinham muita coisa em comum e o meu pai convidou-a para um jantar. Ela concordou, e... o amor foi surgindo de dia para dia...
- Qual é o teu nome completo? – perguntou a Alanis.
- Andy Natalie Finnegan Foster. – respondeu ela.
- A minha mãe é coreana e o meu pai é chinês. – informou a Alanis.
- Como é que se conheceram? – quis saber a Andy.
- O meu foi à Coreia do Norte fazer um torneio de Kung Fu. Ele aleijou-se, é claro que perdeu... o adversário era o meu avô, um dos melhores mestres das artes marciais!
- Como eu estava a dizer, a minha mãe é filha desse tal mestre, tratou dele e pronto... apaixonaram-se. – disse a Alanis. - O meu nome completo é Alanis Hikari Koushiro Takichawa.
- Vieste para Inglaterra. Porquê? – quis saber a Andy.
- Como deves saber, na Coreia do Norte passa-se fome. Éramos muito pobres. Eu e a minha mãe, levantávamo-nos às 6 da manhã, para plantar arroz ou pastar as ovelhas, enquanto o meu pai ganhava dinheiro fazendo torneios de Kung Fu. – explicou a Alanis.
Depois de conversarem tudo o que tinham a falar, foram ter com o Henry e o Eric que estavam a tentar jogar xadrez.
- Então como estão a dar-se com esse jogo? – inquiriu Andy aos dois.
- Bem...xeque mate. – disse Eric a sorrir.
- Voltaste-me a ganhar. – reclamou Henry.
- Olha para ali! O professor Ralph Brown e a professora Alice Kerrod estão no bar! – exclamou a Andy.
- Isso não nos interessa. Deixas-nos jogar o jogo de xadrez? – perguntou o Eric.
- Estúpido. – contrariou a Andy. – Vamos, Alanis.
Quando os rapazes não a ligavam, socorria sempre à sua nova amiga coreana. Andavam sempre juntas, para cá e para lá; faziam os trabalhos de casa juntas, mesmo que não fossem os mesmos; ajudavam-se mutuamente, conversavam, desabafavam, contavam segredos uma à outra, cochichavam, iam juntas à casa de banho, brincavam e jogavam juntas... enfim, eram muito amigas uma da outra... inseparáveis, unidas no coração.
Depois de jantarem salsichas com ovo estrelado e batatas fritas, acompanhadas com os mais variadíssimos condimentos: como, mostarda, ketchup e maionese, uniram-se em torno da fogueira a contar histórias de terror. A Alanis foi a primeira:
- Estava em casa quando tudo aconteceu.
Á noite, quando os meus pais se foram deitar fui ver um filme de terror.
Aquele filme dava-me medo! (Ainda por cima estava com as luzes apagadas). Foi quando ouvi a porta a bater, passos atrás de mim, vozes misteriosas que eu não sabia de onde provinham...
Comecei aos berros. O meu pai foi ver o que era, e eu menti-lhe: - É o filme que mete medo. E ele respondeu: - Não devias ver esse tipo de filmes, ainda por cima a essas horas... já passa da meia-noite. Vais ter pesadelos. E eu disse: - Não vou nada, já sou crescidinha. O meu pai encolheu os ombros, sem entender. (É que os meus pais detestam filmes de terror).
Quando o meu pai se foi embora, já não ouvi mais aqueles sons misteriosos. Fiquei mais aliviada.
Passado mais ou menos quinze minutos, ouvi outra vez os mesmos sons. Fiquei assustada. Mas desta vez não gritei.
Fiz-me corajosa e fui investigar. Vi uma coisa terrivelmente assustadora, mesmo de cortar a respiração... estava uma faca espetada na porta e sangue no chão. Segui os rastos de sangue e fui dar a casa de uma vizinha que todos nós sabemos que é bruxa. Tomei uma atitude drástica, muito pouco corajosa... fugi.
Eu e as minhas amigas sempre desconfiamos que ela era bruxa e não estava cá para fazer o bem... Entrei em casa desesperadamente assustada. Sentei-me para acabar de ver o filme de terror, para ver se eu ficava mais descansada.
Mas nem pensem que isto acabou! Quando estava a ver o filme, faltou a luz e fiquei ás escuras. Silêncio absoluto. Fui deitar-me, já estava farta de tanta dose de terror. Deitei-me. Foi quando vi a porta do guarda-fato a abrir sozinha e a sair cinzas!
Fiquei cheia de medo; queria gritar mas não saía nenhum som; as minhas cordas vocais ficaram bloqueadas! Fechei os olhos, não queria ver mais nada. Adormeci. Sonhei com uma velha anã, que estava dentro de um caixão no meu guarda-fato. No dia seguinte acordei, abri o guarda-fato para me vestir e encontro-o todo revirado. Perguntei à minha mãe e ao meu pai e nenhum deles me disse que o tinha revirado. Fiquei apavorada. Foi então que me lembrei do sonho e das cinzas a saírem do guarda-fato. Será que foi a velha do caixão que revirou o meu guarda-fato? Ou foi a bruxa da minha vizinha? De quem eram aquelas cinzas? Aquelas vozes e aqueles passos? Como foi a faca parar à porta com sangue? E porque é que o rasto de sangue foi dar á porta da casa da bruxa? Isso são tudo perguntas que nunca irei ter resposta. Mas desconfio muito da minha vizinha bruxa. Não acham que tenho razões para desconfiar?
- Sim, ela é muito misteriosa. – opinou a Andy.
- Que história assustadora! Aconteceu na vida real? – quis saber a Christina, a prefeita dos Courageous.
- Sim. – respondeu a Alanis.
- És mesmo corajosa! Fazes mesmo parte da equipa dos Courageous. – objectou a Christina.
Alanis queria entrar no grupo. Por isso fazia tudo e mais alguma coisa. Não pensem que é fácil uma pessoa de um determinado país integrar-se noutro. As línguas, as religiões, os costumes e as tradições são diferentes.
Mas foi na Inglaterra que Alanis conheceu a melhor amiga que já teve em toda a sua vida. Andy também nunca pensou que a sua melhor amiga pudesse ser coreana.
Christina e Tom, irmão de Eric e prefeito dos Saviors, saíram da sala e foram para o jardim namorar.
Seguiram-se outras histórias de terror, mas a mais filosófica foi sem dúvida a história de Alanis.

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