domingo, janeiro 15, 2006

Capítulo 15

A colheita

Estava a chegar a hora.
A Colheita estava próxima.
Rosabel acendeu a última fileira de velas na parte de trás da igreja. Afastou-se delas com solenidade, segurando o seu círio, e ao mesmo tempo outro vampiro completou a sua fileira de velas acesas ao longo da parede oposta. A luz bruxuleante lançava sobre a congregação um brilho estranho e fraco. As duas fileiras de velas estendiam-se por todo o caminho até ao altar, até ao lugar onde o Mestre esperava.
O cântico tinha recomeçado. No entanto, não era bem um cântico... era mais um murmúrio baixo e primitivo que fazia gelar o sangue...
Rosabel avançou até ao altar e ajoelhou humildemente ante o seu Mestre. Quando o Mestre estendeu a mão, Rosabel beijou-a, e quando o Mestre virou a palma da mão aberta para cima, Rosabel beijou-a também.
E então, com muita delicadeza, Rosabel segurou o pulso do Mestre. Levou-o à boca e mergulhou profundamente os dentes nas artérias e veias.
O Mestre estremeceu. Fechou os olhos e sentiu séculos de tempo a percorrê-lo. Enquanto Rosabel continuava a sugá-lo, atirou a cabeça para trás na agonia de uma dor deliciosa.
- O meu sangue corre com o teu. – disse o Mestre. – A minha alma é da tua responsabilidade.
- O meu corpo é o teu instrumento. – murmurou a Rosabel.
Rosabel afastou-se. O Mestre tirou uma gota de sangue do próprio pulso, depois tocou na testa de Rosabel com ela, pintando uma estrela de três pontas.
Encarou os discípulos e falou:
- Nesta noite abençoada, somos como um só. Rosabel é a Hospedeira. Cada alma que ela tomar será o meu alimento. As almas deles dar-me-ão o poder para me libertar.
O rosto dele iluminou-se com um sorriso. Os olhos estreitaram-se de antecipação intensa.
- [1]Esta noite percorrerei a terra... e até as estrelas se esconderão.


Pui-li perguntou à Kate:
- Onde é que será a Colheita?
- Num local onde tenha muita gente. – respondeu a Kate. – Numa discoteca, por exemplo.
- Mas nós não temos a certeza, onde será a Colheita... – suspirou o Pui-li.
- Temos que ver quais são os pontos de interesse das pessoas. – disse a Liliane.
- Exactamente! – assentiu a Kate. – Sei de uma discoteca espectacular...
Olharam para o relógio: 23:00 h. Faltava cerca de uma hora para a realização da Colheita.
Entraram na discoteca e por acaso tinha um clima acolhedor e descontraído. Todas as pessoas pareciam estar a divertir-se imenso.
Até Liliane e Pui-li já haviam esquecido que estavam lá para capturar o Hospedeiro e resgatar os seus amigos.
Só Kate estava preocupada, olhando pouco a pouco para o relógio e a preparar a estaca, pronta para matar.
Meia-noite!
- Já é meia-noite!... – informou Kate, à Liliane e ao Pui-li.
Só depois deste aviso é que Liliane e Pui-li acordaram para a realidade, pois estavam a curtir bastante o som.
Na discoteca nada aparentava algo de suspeito e muito menos vampiros.
- Vamos esperar mais um bocadinho. – disse a Kate.
Passado quase uma hora, Kate convenceu-se que não era ali o local onde se realizaria a Colheita.
- Vamos embora! – advertiu a Kate. – Este não é o local da Colheita.
- Oh, Kate, vamos ficar aqui mais um bocadinho! Está a ser tão fixe! – pediu a Liliane. – Pode ser que tenham o relógio atrasado...
E continuou a curtir o som, até já tinha atraído a atenção de uns turistas alemães e de uns tantos romenos.
Assim passaram mais meia hora e perante tanto tempo sem acontecer nada, também Pui-li convenceu-se que aquele não tinha sido o local escolhido para a realização da Colheita.
- É impressionante como esta gente está aqui tão despreocupada, sendo hoje o fim do Mundo! – exclamou a Kate.
- Kate, também acho que este não é o local onde se realizará a Colheita... – murmurou o Pui-li.
- Até que enfim, que percebeste! – espantou-se a Kate.
- Mas onde será a Colheita? – quis saber o Pui-li.
- Não sei. – admitiu a Kate. – Mas vai informar a Liliane, pois ela pode estar a meter-se com algum vampiro e correr perigo de vida.
Pui-li ainda não havia reparado: Liliane estava a beber uns copos com dois rapazes alemães e três romenos e não conseguiu deixar de sentir uma pontinha de ciúmes.
Pui-li foi ter com ela, fazendo um pequeno escândalo, para a deixar embaraçada e mal vista pelos rapazes. E por conseguinte, ir com ele de uma vez por todas.
- Pui-li, vais pagar caro por me teres humilhado à frente daqueles rapazes tão giros... – zangou-se a Liliane.
- Liliane, temos de ir embora, pois chegamos à conclusão que este não é o local da Colheita. – explicou o Pui-li. – E além do mais podias estar a meter-te com vampiros...
Liliane ficou mal-humorada, mas acabou por perdoá-lo.
- Então onde é esse tal local? – perguntou a Liliane.
- Não sabemos. – respondeu a Kate.
- Toca a pensar! – incentivou o Pui-li. – Temos de resgatar os nossos amigos e salvar vidas de muitas pessoas e impedir que hoje seja o fim do Mundo!...
Continuaram a pensar nalgum local, mas nada lhes ocorria, chegando mesmo a pensar que se calhar a Colheita não seria naquele dia, até que...
- Vamos à Feira Popular? Hoje a entrada é livre e ainda por cima vamos assistir ao concerto da banda gótica Terror Night! – sugeriu um rapaz para a namorada.
- Terror Night? Nunca ouvi falar... – indagou-se a rapariga. – Mas acho que depois de uma discoteca ir para a melhor Feira Popular do Mundo, é um bom programa!
- É isso! – exclamou o Pui-li. – Porque é que eu não pensei nisso antes? A Feira Popular!!!
Kate, Pui-li e Liliane saíram porta fora e foram em direcção à feira popular.
A Feira Popular estava apinhada de gente e como a entrada era grátis, eles não tiveram de esperar na bicha.
A banda que se subentendia-se de Terror Night estava a actuar no seu auge e toda a gente dançava, pulava, gritava, aplaudia, assobiava.
- Se aqui fosse o local da Colheita, já esta gente toda tinha morrido... – desiludiu-se a Kate. – Afinal, também não é aqui o local da Colheita!...
Pui-li reparou na vocalista da banda e esta pareceu-lhe familiar. Até que reparou numa estrela de três pontas na testa.
- Rosabel!? – admirou-se o Pui-li.
- O quê? – espantou-se a Liliane.
- A vocalista da banda Terror Night é a Rosabel! – exclamou o Pui-li.
Kate que se ia preparando para sair, perguntou:
- Quem é ela?
- É uma vampira. – respondeu o Pui-li. – Repare, ela tem uma estrela de três pontas na testa!
- Pois é! – entusiasmou-se a Kate. – Isso quer dizer que resolveram adiar as horas para atrair mais gente ao concerto!
Mas afinal não era isso que tinha acontecido. A Colheita já se tinha realizado.
Quando deram por si, as pessoas começaram a rodeá-los.
- Vão morrer! – gritaram eles, com os dentes afiados.
Rosabel parou de cantar e ordenou ao pessoal para levá-los para o palco. E assim fizeram.
Rosabel começou a entoar um cântico sinistro e a evocar o nome do Mestre.
- Mestre, eis aqui as tuas oferendas. Estes tentaram matar-te!
- Onde estão os meus amigos? – inquiriu o Pui-li.
- Estás a falar daqueles imbecis destinados a ser oferendas ao poderoso Mestre, tal como vocês? – riu-se a Rosabel.
- Ninguém subordina o poder do Mestre! – gritaram todos. – Mata! Mata! Mata! Mata!
Rosabel soltou os restantes membros dos Pequenos Grandes Heróis.
- Pui-li! Liliane! – exclamaram eles.
- Preparem-se para o fim do Mundo! – gritou a Rosabel.
- Sim!!! – berraram os vampiros.
Rosabel tentou sugar o sangue de Alan, mas Liliane impediu-a, dando-lhe um pontapé na barriga.
Mas logo, os outros vampiros agarraram-na e espancaram-lhe.
Rosabel ia morder-lhe o pescoço, mas Pui-li deu na cabeça dela com uma pedra, mas esta não mostrou sinais de fraqueza.
Os vampiros tentaram subir o palco, mas acontece que as vítimas só podiam ser mortas pelo Hospedeiro.
Pui-li tentou visualizar a Kate, para pedir-lhe ajuda, mas não a viu. Pensou que ela era uma grande medricas e uma falsa. Então os vampiros começaram a avançar, prontos a aniquilá-los.
- Preparem-se para o Fim do Mundo! Preparem-se para morrer! – gritavam todos, com os dentes arregaçados.
De repente começou a chover e a trovejar, mas os vampiros não se inibiram e continuaram a subir o palco, prontos para os matar. Eles não tinham salvação: iriam morrer, não havia hipótese.
Rosabel agarrou no Pui-li para o matar, quando apareceu um helicóptero a sobrevoar o céu.
- Mas o que é isto? – interrogou-se a Rosabel.
O helicóptero começou a jorrar baldes de água em cima dos vampiros.
- Mas porque é que estão a derramar água, se está a chover? – desapercebeu-se o Doug.
Mas não era uma água normal, mas sim água benta. Os vampiros começaram a gritar e a decompor-se.
- Não!!! – gritou a Rosabel. – Isto não vai e não pode destruir a Colheita.
Kate apareceu misteriosamente por detrás da Rosabel e como todos os vampiros estavam distraídos com a queda de água benta, não repararam nela.
Kate agarrou Rosabel pelos braços e tentou golpear-lhe a estaca, mas ela projectou-a, caindo em cima de Pui-li, que se apressou a ajudá-la.
Pui-li e Rosabel envolveram-se numa luta sangrenta e Kate aproveitou-a para golpeá-la nas costas com uma estaca.
Mas Rosabel era esperta e desviou-se, acabando por atingir o Pui-li à tangente, pois este também se havia desviado.
- Desculpa, Pui-li! – balbuciou a Kate, socorrendo-o, mas Liliane afastou-a.
- Vou matar-te, sacana! – gritou a Liliane, dirigindo-se para Rosabel, ao mesmo tempo que pegava na estaca de Kate.
- O que estás a fazer, Liliane? Tu não tens experiência nisto... – espantou-se o Pui-li.
Liliane piscou-lhe um olho e segredou-lhe:
- Prometo que a Hospedeira não sairá daqui viva.
Pui-li não percebera, mas Liliane garantia-lhe que ia acabar com Rosabel e resolveu acreditar no plano dela.
- Vais matar-me, é? – riu-se a Rosabel.
- Sim. – respondeu a Liliane.
Rosabel soltou uma gargalhada estridente.
- O Mestre irá submergir das Trevas e dar-me-á imensos poderes sobrenaturais infinitos. – ripostou ela. – Nem tu, vais conseguir evitar que a Colheita se concretize; pois eu sou muito mais poderosa que tu!...
Liliane começou a avançar decididamente para a golpear e Rosabel soltou uma sonora gargalhada.
- Sou muito mais forte que tu, nunca conseguirás matar-me...
- Eu não, mas ele sim... – disse a Liliane.
- O que é que estás para aí a falar? – questionou a Rosabel, sem entender.
Nem deu tempo de pensar, pois sentiu uma dor aguda por trás e sentiu-se a transformar em pó.
Rosabel sentia o sofrimento do Mestre, a sua angústia.
Naqueles últimos e breves momentos de consciência, Rosabel percebeu que tudo acabava – séculos de esperança, séculos de espera, os últimos vestígios de poder a escoarem-se do Mestre enquanto este ser poderoso caía de joelhos, enfraquecido, e tacteava cegamente numa busca inútil de ajuda que não viria...
À distância, Rosabel ouviu o seu grito estrangulado.
- NÃO!!! – arquejou o Mestre, e ao tocar na parede mística que o mantinha prisioneiro, percebeu que esta era mais uma vez demasiado forte para escapar. A fúria e o desespero perpassaram-lhe pelo rosto enquanto a fixava.
Um grito de derrota formou-se-lhe na garganta.
Através de uma névoa mística, Rosabel olhou para cima e viu o seu assassino e Liliane em pé do se lado. E depois tudo acabou.
Os vampiros sobreviventes começaram a fugir e a esconderem-se em recantos escuros.
- Bom, parece que ganhámos! – exclamou um rapaz, que ninguém conhecia.
A Pui-li, deu-lhe a sensação de já o ter visto, mas não sabia bem donde, até que Liliane explicou tudo:
- Lembram-se de eu estar a falar com uns rapazes na discoteca? – diz ela, dirigindo-se para Pui-li e para Kate. – Pois eles são Caçadores de Vampiros.
- E ela telefonou para mim, enquanto estavam atarefados com os vampiros, e comigo mandei vir um helicóptero cheio de água benta para despejar nos vampiros, pois eram muitos, nunca conseguiriam sobreviver a eles. – acrescentou o rapaz. – Foi quando vi a minha colega Kate Angélica e pedi-lhe que me ajudasse.
- Por isso é que desapareci por uns tempos. – explicou a Kate. – Por eu saber que na discoteca, já havia caçadores de vampiros, resolvi procurar noutro lado. E também queria acabar com um vampiro, pois eu nunca matei nenhum. O Abel é que mata os vampiros todos. Mas ao ver que estavam todos em perigo de vida e que não conseguia resolver tudo sozinha, pus o orgulho de lado e resolvi colaborar.
- Bom, parece que tudo terminou! – exclamou o Doug. – A partir de agora, já não gozo com estas coisas...
- Pois, nós não devemos gozar com aquilo que desconhecemos. – disse o Abel.
Abel era um rapaz romeno com dezassete anos de idade, cabelo castanho e os olhos da mesma cor, pálido e com um nariz adunco.
A trovoada tinha acabado e resolveram ir para o hotel descansar.
- Obrigado, por nos terem salvo! – agradeceu o Alan.
- De nada. – responderam o Pui-li e a Liliane.
- Nunca irei esquecer do horror que passamos... – suspirou o Doug.
- Eu que sempre pensei que o Halloween e os espíritos do mal, vampiros e seres desse género era tudo brincadeira, mas vejo que não é bem assim... – acrescentou o Jimmy.
- Eu sempre acreditei nestas coisas, pois desde pequeno que vejo fantasmas e espectros. – disse o Pui-li.
- A sério?! – admiraram-se todos. – E não tens medo?
- Claro que tenho, mas com o tempo aprendi a lidar com a situação e eles agora já não aparecem com tanta frequência. – respondeu o Pui-li.
- Bom, vamos é mudar de assunto. – pediu a Liliane. – Quero ir-me embora daqui amanhã bem cedo.
- Tem calma, Liliane! – tentou tranquilizar o Pui-li. – Já acabou tudo.
Nesse mesmo instante, começou a chover e a trovejar. A electricidade foi cortada devido a um raio.
Os Pequenos Grandes Heróis conseguiram visualizar um corpo atingido por um raio, a cair de uma árvore e assustaram-se.
Foram lá fora e depararam-se com um corpo mutilado de uma jovem e de seguida ouviram uma gargalhada sinistra.
Afinal, o horror ainda não havia terminado.
- Vou-me embora! – gritou a Liliane, entrando em pânico.
No hotel acenderam umas velas e todos os hóspedes alojaram-se na sala comum, onde no centro, uma grande lareira quente e reconfortante, aquecia e iluminava a divisão.
E de repente, saiu de dentro da lareira o espectro de Rosabel, reclamando vingança para todos. As chamas activaram-se e o hotel começou a pegar fogo.
Os populares tentaram apagar o incêndio, enquanto chamavam os bombeiros.
Mas por mais que o tentassem apagar, o fogo activava-se ainda mais e os Pequenos Grandes Heróis procuraram a ajuda da Kate, que disse que isso só se resolveria apagando o incêndio com água benta.
E então pediram à agência de Caçadores de Vampiros de Abel, que trouxessem um tanque cheio de água benta. E assim fizeram.
As pessoas eram socorridas e algumas precisaram de apoio hospitalar, devido à grande inalação de produtos tóxicos provenientes do incêndio.
O hotel ficou quase todo destruído e realmente, o fogo começou a extinguir-se.
- Este incêndio, não é um incêndio vulgar, é um incêndio místico, por isso é que só se consegue apagá-lo com água benta. – explicou o Abel.
Samuel telefonou ao Hugo, pois queriam ir embora o mais depressa possível e este prometeu mandar-lhes um avião particular para o Brasil em menos de doze horas.

De volta, ao Brasil, os Pequenos Grandes Heróis só pensavam em descansar e explicaram ao Hugo, os acontecimentos muito resumidamente.
- Eu não quero correr estes riscos novamente, por isso acho que vou desistir da patrulha. – informou a Liliane.
- Por favor, Liliane, não! – suplicou o Hugo. – Prometo, que para a próxima terão mais apoio meu.
- Isso agora não me interessa, agora só quero ter um sono reparador. – disse a Liliane.
Foram todos dormir, muito fatigados e descansados. Mas acordaram de manhã bem cedo por um toque de telefone e foram avisados da recepção que alguém queria falar com os Pequenos Grandes Heróis, mas principalmente com Liliane Pereira.
Liliane atendeu o telefone e do outro lado, ouve uma gargalhada, dizendo:
- Se pensas que me destruíste, estás bem enganada!
Liliane estremeceu da cabeça aos pés e contou a novidade aos seus colegas, que também ficaram muito assustados.
- O que é que vamos fazer?
- Quem era?
- Não sei, só sei que vou andar sempre com um crucifixo comigo. – abonou a Liliane.
- Nunca mais vou ser o mesmo, depois disto tudo. – suspirou o Doug.
- Nenhum de nós vai ser igual, mas vamos tentar levar a nossa vida à normalidade. – disse o Pui-li.
Passado algumas horas, cada qual regressou a sua casa e quase passado um mês, os Pequenos Grandes Heróis já haviam esquecido tudo o que lhes havia passado e as suas vidas voltaram pouco a pouco à normalidade e nunca mais foram incomodados por espíritos e chamadas do Além. Mas sempre tinham receio de alguma chamada ou de alguma coisa menos vulgar.
Enfim, esta aventura foi a mais difícil de superar para os Pequenos Grandes Heróis e deixará enormes marcas nas suas vidas.Mas eles, estavam preparados para mais uma aventura
[1] Texto retirado do livro: Buffy, a Caçadora de Vampiros – A Colheita, escrito por Richie Tankersley Cusick, baseado no argumento de Joss Whedon da Editorial Verbo. (adaptado)

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